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Supermercados vetam carne do Pará

Decisão foi motivada por ação do Ministério Público contra desmatamento

Por Roberto Almeida
Atualização:

Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart decidiram suspender as compras de 11 frigoríficos incluídos em uma "lista suja" por fornecerem carne de gado criado em área de desmatamento. A decisão decorre de uma ação do Ministério Público Federal (MPF) do Pará com o objetivo de desmanchar a cadeia de produção de carne "que lucra com a devastação na Amazônia". O movimento é resultado de denúncia do Greenpeace, feita no dia 1º de junho, que acusou o governo de financiar os frigoríficos da "lista suja" - entre eles o Bertin, um dos maiores do País - por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, já entrou em contato com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para que reavalie a concessão de crédito aos frigoríficos. O Greenpeace também já pediu ao banco explicações sobre os financiamentos, que podem chegar a R$ 10 bilhões. Durante a semana, foi realizada uma reunião para discutir a relação dos frigoríficos com o desmatamento, sobretudo na Amazônia. Em seu site, o Greenpeace classifica a iniciativa dos supermercados de "primeira vitória" e aguarda a adesão de mais 72 empresas revendedoras de derivados do boi. O Frigorífico Minerva informou que também decidiu suspender as compras de boi e carne de fazendas do Pará e da Amazônia Enquanto isso, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) avisou que exigirá dos frigoríficos Guias de Trânsito Animal anexadas às Notas Fiscais para análise. Solicitará, ainda, uma auditoria independente para assegurar que a procedência da carne não é de área de devastação. O MPF aguarda decisão da Justiça sobre outras 21 ações que promoveu contra os fazendeiros ilegais, pedindo o pagamento de R$ 2,1 bilhões de indenização "pelos danos ambientais à sociedade brasileira". A procuradoria trabalha para "conscientizar a população dos danos da devastação". Ela pede que o consumidor cobre no ato da compra a origem da carne. "Não compre produtos que incentivam o desmatamento da Amazônia", alerta. O Frigorífico Bertin informou que faz a verificação diária das áreas embargadas pelo Ibama nas listagens oficialmente divulgadas. Informou também que paralisou desde o dia 6 de junho todas as aquisições de bovinos, até que os fatos sejam esclarecidos. A decisão não deverá afetar o mercado no Sudeste, já que a carne da Amazônia é pouco consumida na região.

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