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Surpresas nas vendas do comércio varejista

A recuperação firme depende da melhora do nível de emprego, que está condicionado à retomada do crescimento

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Por Redação
Atualização:

A maior alta na comparação com março desde 2008 e o primeiro crescimento em relação a igual mês do ano anterior após 24 meses seguidos de queda tornam surpreendente o desempenho do comércio varejista em abril aferido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também surpreende o fato de o comércio varejista ampliado ter tido crescimento ainda maior, mesmo sendo resultado do acréscimo ao varejo restrito de duas atividades que tiveram desempenho negativo na comparação com o mês anterior (o aumento foi de 1% no varejo restrito e de 1,5% no ampliado).

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Ajustes sazonais e questões metodológicas – recentemente a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, passou por revisões metodológicas – podem explicar parte dessas surpresas. Um fator sazonal propiciou o bom resultado de abril: neste ano, a Páscoa, normalmente em abril, caiu em março, o que reduziu o número de dias úteis e, consequentemente, as vendas naquele mês, daí o aumento dos negócios no mês seguinte.

Com relação a abril de 2016, as vendas do varejo restrito cresceram 1,9%, mas as do varejo ampliado (que inclui veículos, motos e autopeças, além do setor de material de construção) diminuíram 0,4%.

Os resultados da PMC em abril, sobretudo os do varejo restrito, são voláteis e mostram pouca disseminação da melhora das vendas. Das dez atividades avaliadas, apenas quatro registraram aumento em abril, na comparação com março. Das 27 unidades da Federação, 13 registraram queda de vendas. Apesar do aumento em abril, o nível de vendas está 9,9% abaixo do pico histórico, registrado em novembro de 2014, No acumulado do ano, as vendas caíram 1,6% e, no acumulado de 12 meses, 4,6%.

Há, decerto, sinais positivos na PMC. A alta das vendas de supermercados, tecidos, vestuário e calçados sugere que a redução da inflação para níveis bastante inferiores à meta da política monetária melhorou o poder de compra dos consumidores. A liberação de recursos do FGTS também pode ter contribuído para melhorar os resultados. Mas as vendas de produtos de maior valor, que dependem de crédito, continuam em baixa.

A recuperação firme continua a depender da melhora do nível de emprego, o que está condicionado à retomada do crescimento, que, por sua vez, depende da estabilidade política e do avanço das reformas.

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