Publicidade

SUS tem centros de excelência em oncologia

Hospitais públicos e privados investem em tecnologia de ponta, como robô que faz cirurgia e equipamentos de medicina nuclear

Por Paula Felix
Atualização:

Quando se viu com câncer de mama e sem plano de saúde, após o fim de um contrato de 25 anos, a professora e empresária Catia Jonas Dias, de 47 anos, ficou desesperada. A doença teria de ser tratada em algum hospital do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas o tratamento revelou uma realidade que até então não conhecia: a excelência disponível aos pacientes com câncer na rede pública. Ano após ano, hospitais públicos e particulares que tratam pacientes da oncologia pelo SUS recebem equipamentos com tecnologia de ponta, incorporam medicamentos modernos e apostam no fortalecimento médico-paciente por meio da humanização para ter sucesso na luta contra a doença. Catia não nega que sentiu medo. "Estava sem pagar o plano (de saúde) havia dois meses e fiquei com aquela imagem de corredor no SUS." Mesmo assim, ela buscou atendimento em um posto de saúde em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, onde começou a ser avaliada. Após atendimento com clínico-geral, foi submetida a uma série de exames e consultas com mastologistas e oncologistas. Ela tinha de correr contra o tempo, porque descobriu o câncer em estágio avançado. "Em 40 dias, o tumor cresceu de dois para cinco centímetros. Meu câncer estava em grau três e os médicos diziam que eu tinha de 35% a 40% de chance de cura." Foi por meio de um projeto do Hospital Sírio-Libanês com pacientes da rede pública que ela chegou ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), onde ainda faz tratamento. "Em dois anos, nunca tive problemas. Aquele hospital funciona como um relógio. Tudo é de última tecnologia, os profissionais são treinados. Nem em sonhos imaginaria que teria um atendimento como esse na rede pública." O atendimento multidisciplinar também a surpreendeu. "Além do oncologista, tenho nutricionista, pneumologista e faço fisioterapia e reabilitação. Queria parar de fumar e faço parte do grupo de apoio ao tabaco. Uso medicamento, adesivo, chiclete de nicotina. Eles oferecem tudo." Inaugurado em 2008, o Icesp, ligado à Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, está entre os maiores hospitais especializados em tratamento de câncer da América Latina e realiza mais de 50 mil atendimentos por mês. "Hoje, o Icesp dá um tratamento do mais alto nível com alta tecnologia, treinamento da equipe e todos os tratamentos são padronizados. Eles seguem linhas de conduta estabelecidas por instituições internacionais. Temos ainda uma área de pesquisa clínica onde realizamos projetos com novos tratamentos", explica Paulo Hoff, diretor-geral do instituto. Na parte de diagnóstico e acompanhamento da evolução do câncer, o hospital conta com dois aparelhos de PET/CT, equipamento de medicina nuclear que, por meio de marcadores tumorais, permite que o médico visualize de forma precisa as lesões. Desde o ano passado, um robô para cirurgias está sendo testado. "Ele está sendo usado para ver a viabilidade econômica de tratamentos robóticos no SUS." A novidade deste ano foi a inauguração do centro de simulação realística, ocorrida em fevereiro, voltada para o treinamento de profissionais. "É uma área na qual reproduzimos o ambiente do hospital com consultórios, banheiros e temos robôs que imitam os pacientes. Podemos fazer o treinamento de técnicos de enfermagem, enfermeiros, atendentes. A gente prepara melhor os profissionais para receber os pacientes." Mesmo com os avanços, o instituto também encara diariamente uma série de desafios. "Há um número crescente de pacientes e nossa infraestrutura precisa ser expandida. Além disso, todos os avanços tecnológicos vêm com um custo muito elevado." Na região metropolitana de São Paulo, outro centro médico público se destaca no tratamento oncológico. Ainda neste mês, o Hospital Geral de Guarulhos vai passar a oferecer radiocirurgia para seus pacientes. O procedimento, que é menos invasivo, vai beneficiar pessoas com lesões tumorais no cérebro, coluna e medula. O centro oncológico da unidade entrou em atividade em maio deste ano e tem capacidade para atender 1,2 mil casos novos de câncer por ano. Ele tem como objetivo ampliar a rede de atendimento para pacientes da Grande São Paulo, Taubaté, Sorocaba, Registro e também da Baixada Santista. Com a radiocirurgia, a radiação para combater o tumor é emitida apenas sobre ele, o que preserva os tecidos próximos à lesão. Filantropia. Com ações voltadas para pacientes com câncer provenientes da rede pública desde seu ano de fundação, em 1953, o Hospital A. C. Camargo Cancer Center pretende aumentar em 25% o investimento em ações filantrópicas para esses pacientes neste ano. "Em 2014, o investimento foi de R$ 56 milhões. Neste ano, a estimativa é de que vamos investir cerca de R$ 70 milhões", diz Jarbas Salto Junior, superintendente de operações do hospital. Uma das prioridades é oferecer atendimento igualitário. "O hospital atende pacientes do SUS e faz atendimento particular. Sabemos que o SUS não autoriza todos os tipos de tratamento, como a cirurgia robótica, mas oferecemos o que temos em tecnologia para o diagnóstico e tratamento."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.