PUBLICIDADE

Publicidade

Suspensa auditoria sobre nacionalizações na Bolívia

Decisão deve atrasar ainda mais um acordo entre YPFB e Petrobras

Por Agencia Estado
Atualização:

A estatal boliviana YPFB suspendeu a contratação de empresas que fariam auditoria em ativos que serão nacionalizados no País, como as refinarias da Petrobrás. A decisão deve atrasar ainda mais um acordo entre as duas empresas a respeito da transferência do controle das instalações. Nesta quarta-feira, o presidente da Bolívia, Evo Morales ameaçou expulsar do país a empresa Transredes, controlada pela anglo-holandesa Shell, que também aguarda auditoria. Em nota distribuída à imprensa, a YPFB alega que suspendeu a contratação das auditorias por razões burocráticas. Segundo o texto, não há uma resolução administrativa que autorize a operação. "A falta de ato administrativo que dê início ao processo de contratação faz com que qualquer ato administrativo seguinte careça de validez", diz a nota. Em dezembro de 2006, a YPFB abriu processo para contratar pelo menos cinco empresas para fazer avaliação financeira das petroleiras Chaco e Andina, das empresas de transporte Transredes e Companhia Logística de Hidrocarbonetos de Bolívia (CLHB), e as refinarias da Petrobrás. Segundo o decreto de nacionalização de 1º de maio de 2006, a YPFB terá de assumir o controle de todas as empresas citadas. Negociações A Petrobrás aguarda apenas a auditoria boliviana para iniciar as negociações sobre indenizações pela transferência do controle das refinarias. A direção da estatal brasileira já informou que tem sua própria avaliação do valor dos ativos e espera uma definição da YPFB para buscar um consenso. A Petrobrás pretende repassar 100% das refinarias para os bolivianos, ao invés de permanecer no negócio como acionista minoritário. Mesma visão tem a Shell, no que diz respeito à Transredes. A situação da companhia transportadora, porém, se tornou delicada nos últimos dias, depois que manifestantes da região de Camiri, no Chaco boliviano, invadiram suas instalações em protesto contra o ritmo do processo de nacionalização. O ato provocou a suspensão do fluxo de petróleo e derivados para as principais cidades do país. A unidade ficou fechada por mais de 12 horas, com um prejuízo calculado pelo governo boliviano em US$ 500 milhões. Na segunda, o governo levantou suspeitas de que os operadores das instalações teriam demorado propositalmente a retomar as atividades. "Recuperamos a unidade às 4h30. Demos segurança à empresa, mas os técnicos da Transredes não reativaram a planta. Às 6h, 7h da manhã diziam que ainda sentiam cheiro de gás e que havia risco de explosão", contou Morales., segundo a agência oficial de informações ABI. "Estamos investigando seriamente e, se for provado que houve sabotagem, não tenho nenhum medo, não vacilarei em expulsar uma companhia que sabota e conspira contra o governo, contra a economia nacional", afirmou o presidente. Além da Shell, a Transredes tem entre seus acionistas o grupo Prisma Energy (antiga Enron) e fundos de pensão bolivianos. A empresa opera uma rede de 3 mil quilômetros de gasodutos e 2,7 mil quilômetros de oleodutos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.