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Sustentabilidade e lucro devem andar juntos

Para gestora, ESG no Brasil tem muito potencial

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Por Redação
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4 min de leitura

Fernanda de Arruda Camargo acompanha de perto a evolução da sustentabilidade corporativa no Brasil. Depois de duas décadas de experiência no mercado financeiro, ela idealizou e fundou a Wright Capital Wealth Management, gestora de fortunas que tem como missão combinar a preservação do patrimônio com a valorização do legado de indivíduos e famílias.

Ao definir a política de investimento e construir a carteira dos clientes, Fernanda e a equipe multidisciplinar da Wright sempre reforçam a importância dos critérios de sustentabilidade, avaliados a partir dos três pilares que compõem a sigla ESG – ambiental, social e governança. “Certamente é possível obter bons resultados financeiros e ao mesmo tempo contribuir para melhorar o mundo”, ela assegura.

O tema, inclusive, é cada vez mais relevante nas análises de riscos, uma vez que as preocupações com a sustentabilidade estão se tornando essenciais para a própria sobrevivência das corporações a longo prazo. “Os investidores vão avaliar profundamente a política de sustentabilidade antes de tomar suas decisões”, adverte Fernanda.

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Como integrante do Grupo Consultivo de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Fernanda tem a missão de disseminar essa visão entre os associados da instituição. Porta-voz do mercado, a Anbima vem liderando e participando de uma série de ações relacionadas ao tema desde 2012 – a criação do Grupo Consultivo, em 2015, foi um dos marcos mais importantes dessa jornada.

Em que ponto está, de forma geral, a adoção dos princípios ESG no mercado brasileiro, em comparação à Europa e aos Estados Unidos?

Estamos ainda engatinhando. A Europa está muitos anos à nossa frente. Os Estados Unidos estavam indo bem até Trump assumir o governo e desacelerar o processo, mas a tendência com Biden é de retomada. No Brasil, o movimento pela sustentabilidade foi ficando em segundo plano diante de tantas outras situações emergenciais que sempre temos no País.

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Um marco fundamental foi a resolução 4.661, de 2018, que determina que as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) devem considerar na análise de riscos, sempre que possível, os aspectos relacionados à sustentabilidade econômica, ambiental, social e de governança dos investimentos. Esse “sempre que possível” certamente não é o ideal, mas, dada a importância que os fundos de pensão têm no Brasil, a resolução foi suficiente para fazer o mercado olhar com mais atenção para a questão.

A partir daí cresceu muito a procura por informações, consultorias e workshops. No início de 2020, essa temática já havia sido muito relevante no Fórum Econômico Mundial de Davos. E ganhou protagonismo de vez com a pandemia, que evidenciou quão frágil a humanidade está e o quanto é necessário olhar a sério para a necessidade de agir. Hoje, um número bem maior de investidores está perguntando sobre o assunto e demonstrando interesse pela busca de ativos sustentáveis.

Como um investidor brasileiro pode diferenciar uma empresa que realmente está levando a sério a jornada ESG daquelas que praticam o chamado greenwashing, a falsa adesão ou adesão superficial aos preceitos de sustentabilidade?

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De fato, com essas discussões se tornando cada vez mais frequentes e relevantes, tem surgido também uma infinidade de greenwashing. Qualquer coisa vira “sustentável”. Isso é parte de um movimento esperado e conhecido. Infelizmente, quando o mercado percebe que surgiu algo com bom apelo de venda, isso se transforma em um modismo. As apresentações em PowerPoint são lindas, mas as práticas muitas vezes não resistem a uma análise um pouco mais aprofundada.

Estamos falando de um processo que não é simples, pois envolve mudança de cultura e uma infinidade de indicadores. Nenhuma empresa consegue grandes avanços da noite para o dia. É impossível, leva tempo. Então, o investidor precisa investigar, fazer perguntas, buscar conhecer os números, tentar separar o que é realmente sólido daquilo que não passa de discurso e de marketing.

Há referências consistentes, como o estágio da empresa em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU e o que está sendo feito objetivamente em relação a cada um desses objetivos. Além disso, instituições como a Anbima e a CVM [Comissão de Valores Mobiliários] estão trabalhando para trazer regulação ao mercado.

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Qual deve ser a principal motivação de uma empresa ao se lançar, de forma profunda e genuína, à jornada ESG?

Deve ser a preocupação com a própria sobrevivência. Essa jornada precisa fazer parte do plano estratégico da empresa. Não há mais como adiar, ir deixando para depois. As decisões de consumo, de investimento e de concessão de crédito vão passar cada vez mais pela análise das políticas de sustentabilidade. São mudanças que estão ocorrendo rapidamente, e as empresas que não entenderem isso correm sérios riscos.

Investir em empresas com uma sólida jornada ESG pode ser mais lucrativo a longo prazo?

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No Brasil, como tudo é muito novo, ainda não temos dados sólidos a respeito. Mas na Europa já está muito claro que não é preciso abrir mão do retorno para investir em sustentabilidade. O investidor consegue ter retorno igual ou superior, só que com risco menor, pois há menos volatilidade. Ou seja: certamente é possível obter bons resultados financeiros e, ao mesmo tempo, contribuir para melhorar o mundo.

Mas é preciso que a gente se preocupe em melhorar, mais especificamente, no caso do Brasil. Muitos dos produtos financeiros que estão sendo lançados por aqui com o selo ESG envolvem ações de fora, que são apenas “embaladas” para vender no Brasil. São ações sustentáveis que têm efeitos lá, e não aqui. E o nosso país é um mar de oportunidades para quem quer fazer impacto social, porque temos vários grandes problemas em grande escala. 

Os ricos do Brasil estão mais conscientes da necessidade de reduzir a desigualdade no País?

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Sim, certamente existe essa percepção, e tem muita gente agindo efetivamente para isso. Mas só é possível ir até determinado ponto; daí em diante depende de políticas públicas. E nesse aspecto não preciso nem dizer como estamos. É só abrir o jornal e ver.

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