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'Sustentabilidade será moeda de troca do agronegócio brasileiro', diz diretor da Embrapa

Cleber Soares, da área de inovação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vê oportunidade de captação de valor sobre produção sustentável

Por Paulo Beraldo
Atualização:

O Brasil precisa cada vez mais captar valor sobre a sustentabilidade dos produtos e serviços agropecuários produzidos no próprio País, defende o diretor de Inovação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Cleber Soares. "A sustentabilidade será cada vez a mais moeda de troca do agronegócio brasileiro", afirmou ele em entrevista ao Estadão/Broadcast

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Na entrevista, o dirigente detalhou as estratégias de atuação da companhia em quatro eixos: sustentabilidade, inovação aberta, startups e inclusão tecnológica. Todos, diz, são permeados pela ideia de que a agricultura do futuro será cada vez mais digital, seja no material genético desenvolvido, no acesso a bancos de dados e em processos que vão do plantio ao trato cultural, chegando à colheita, armazenamento e comercialização. 

Soares destacou novas oportunidades que estão se abrindo para o agronegócio brasileiro como, por exemplo, a construção de marcas, certificações e processos de rastreabilidade usando a chancela da sustentabilidade. Segundo ele, aplicar isso em produtos como a carne, valorizando processos produtivos com baixa emissão de carbono, é um mercado com grande potencial. 

Nesse sentido, exemplifica os avanços da Rede ILPF - associação entre a Embrapa e agentes do setor privado para aumentar o uso da integração Lavoura-Pecuária-Floresta, tecnologia lançada no Brasil e presente em cerca de 14,6 milhões de hectares

"Precisamos desenvolver novas alternativas para, a partir de elementos tangíveis e quantificáveis, como o (os dados de emissão de) carbono dentro do sistema produtivo e, então, capturar valor sobre serviços agroambientais, como o menor uso da água, carbono e bem-estar animal". 

Cleber Soares é diretor de inovação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Foto: Robinson Cipriano/Embrapa

Segundo Soares, é preciso ganhar em cima dos diferenciais competitivos do Brasil, algo que ainda não é feito a contento. "Com a métrica da sustentabilidade, só o Brasil pode aumentar a produção atendendo a um mercado consumidor cada vez mais exigente. Temos sistemas integrados de produção, florestas plantadas, plantio direto na palha. São valores que passam despercebidos", avaliou. 

Inovação aberta

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Soares disse que hoje "ninguém é detentor de todo o conhecimento" e defendeu alianças com diferentes segmentos econômicos e cadeias produtivas. "Temos de olhar para além da agricultura e além do alimento, ser mais protagonistas e indutores na busca de parcerias para alavancar os ativos e derivados das pesquisas", disse.

Um exemplo das novas estratégias, é a parceria recente com a Visiona, empresa do grupo da Embraer, especializada em tecnologia espacial. O objetivo é combinar o conhecimento científico que orienta a tomada de decisão com sistemas inteligentes aplicados ao campo para mapeamento e monitoramento das áreas produtivas. 

Há também novos mercados a serem explorados que permitem a diversificação da produção e a agregação de valor. Um deles é o de grão de bico, fonte de proteína valorizada especialmente em regiões da Ásia e Oriente Médio. A Embrapa disponibilizou variedades adaptadas ao Brasil de olho num mercado que Soares qualifica como "bilionário". 

Startups do agronegócio

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Sobre as startups ligadas ao agronegócio, afirmou que a Embrapa deve estar presente e envolvida nos novos ecossistemas de inovação. "Seja induzindo ou trazendo parcerias para a empresa". 

Como exemplo, citou as maratonas e desafios para promover startups ao redor do Brasil, a presença em polos tecnológicos como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em Piracicaba (SP), e a elaboração de editais temáticos para que companhias impulsionem ativos da Embrapa. Mencionou, também, a parceria com fundos de investimentos para identificar startups com potencial de receber aportes. 

Inclusão tecnológica

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Por fim, Cleber Soares mencionou a diretriz de inovação social por meio da inclusão tecnológica e o desenvolvimento de políticas públicas. "Temos de promover riqueza para o pequeno, médio e grande", disse, exemplificando com agregação de valor. 

Como exemplo citou a batata doce com 10 vezes mais betacaroteno. "O esforço de produção é o mesmo, mas o valor é muito mais alto". O mesmo tem sido feito com outros produtos agropecuários, como abóbora, mandioca e grãos desenvolvidos para ajudar a suprir a carência nutricional de regiões mais pobres.

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