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Tabelamento do gás não contraria leis do mercado, diz Gros

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Petrobrás, Francisco Gros, disse hoje, que a manifestação do governo de intervir nos preços do gás de cozinha não contraria as leis de mercado. "Eu acho que o governo demonstrou claramente uma preocupação que já existia, no que diz respeito ao preço do gás de cozinha, para a população de baixa renda", disse Gros. Ele lembrou, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, que com a eliminação do subsídio ao gás de cozinha, o governo instituiu o vale-gás, de R$ 7,50 por mês para cada consumidor de baixa renda. "Se esse sistema não estiver funcionando é absolutamente legítimo buscar outras maneiras de proteger o consumidor de baixa renda. Me parece que é isso que o governo está tentando fazer", afirmou. Para ele, a intenção do governo não é a volta do tabelamento dos derivados do petróleo. "Essa é uma discussão de política pública do governo. A Petrobrás é simplesmente objeto dessa discussão. Eu acho que o que está se falando aqui é especificamente proteger a população de baixa renda. Até onde estou informado, é neste ponto que pára o grau de intervenção do governo. Eu não creio que isso deva ser interpretado como uma mudança no regime de preços, que traria conseqüências graves para o País, para empresa e para todos os seus acionistas", afirmou. Petrobrás apita pouco Gros esclareceu o que chamou de dois equívocos atribuídos à Petrobrás na questão do preço dos derivados do petróleo. "A Petrobrás não é monopolista na distribuição. A BR distribuidora tem 22% desse mercado e concorre com grandes multinacionais, como a Esso e a Shell. Em segundo lugar, nós temos que fazer uma opção. Ou nós queremos um mercado aberto, em que os preços são competitivos, que é o que existe hoje no País, e que eu acho que é o que será melhor para o consumidor, ou recriamos um sistema de um monopólio regulado, que é o que existia no passado. Essa é uma discussão de política pública, que não cabe à Petrobrás. Cabe ao governo decidir que tipo de regime de preços nós queremos ter no País", observou. O presidente da Petrobrás disse ainda que neste debate é importante observar também a carga fiscal e a margem de lucro da distribuição. Ele explicou que no caso da gasolina, por exemplo, a Petrobrás recebe R$ 0,56 sobre o preço do litro; R$ 0,87 são impostos federais e estaduais. O restante é a margem de distribuição. "O que eu tenho dito é que se estamos preocupados com o preço na bomba não deveríamos nos preocupar exclusivamente com os R$ 0,56 da Petrobrás, que é o que remunera todos os seus investimentos. Teríamos que olhar também tanto a carga fiscal quanto a margem de destruição", disse Gros. Estatal argentina Gros comentou ainda a compra feita pela Petrobrás, nesta semana, da estatal argentina, Peres Companc. Segundo ele, a compra foi uma oportunidade de investimento "muito boa", mas que, "infelizmente", foi anunciada num dia de caos nos mercados. "Num primeiro momento houve um certo susto, ninguém esperava, houve uma ação vendedora, as ações da Petrobrás caíram, mas essa queda já se reverteu. A maioria dos analistas e investidores com que tenho conversado se dão conta de que essa foi uma oportunidade muito boa. Uma oportunidade estratégica que não deveria ter desperdiçado, como não desperdiçou".

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