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TAM quer crescer 15% e trazer mais 14 Airbus

Por Agencia Estado
Atualização:

A TAM deverá transportar em 2002 cerca de 15 milhões de passageiros, num crescimento de 15% em relação ao ano 2001, quando transportou 13 milhões de pessoas. A previsão é do presidente da atual líder do mercado doméstico nacional, Daniel Mandelli Martin. Se a economia brasileira não frustrar os planos de Martin, tudo indica que a TAM poderá crescer quase "uma Gol" este ano com mais 14 novos aviões. Ele espera que a empresa transporte mais 2 milhões de pessoas do que em 2001. O executivo acredita que o setor aéreo doméstico crescerá de 6% a 8% este ano. Nesse caso, a TAM poderá confirmar os 14 pedidos de novos Airbus 320 previstos para 2002, num comprometimento de leasing de cerca de US$ 490 milhões, cada avião sai em média em US$ 35 milhões. Esses aviões serão incorporados à frota de 84 aeronaves. Os dois primeiros chegarão em março, mês em que a companhia deverá divulgar o balanço financeiro do ano de 2001, cujas medidas adotadas no último trimestre do ano se farão sentir com mais intensidade este ano. Ano difícil O ano passado foi um dos piores para a aviação em todo o mundo, particularmente depois dos atentados terroristas de setembro nos EUA. Na avaliação de Martin, o setor poderá levar ainda dois anos para recuperar-se das perdas. Para a TAM, foi também o ano em que ela perdeu seu fundador, Rolim Amaro, num acidente em julho. No ano passado, quando se confirmou a derrubada nas vendas internacionais, Martin teve de tomar decisões drásticas para estancar a hemorragia financeira. Resolveu que a empresa iria deixar de voar para Frankfurt (Alemanha), Zurique (Suíça) e Montevidéu (Uruguai) em 2002. Para isso, teve de demitir 240 comissários. "Foi muito difícil abrir mão de funcionários que havíamos treinado, mas tivemos de fazer isso para segurar os outros 8.000 empregos". Ele também decidiu cortar de seis para três as frequências semanais para Buenos Aires (Argentina) por causa da crise naquele país. Cortou também um vôo de Manaus (AM) para Miami (EUA) e dificilmente passará a aterrissar em Madri (Espanha) em junho deste ano, como estava previsto. "A TAM não transporta prejuízos, transporta passageiros". De acordo com o executivo, os investimentos da empresa em 2002 serão praticamente focados na renovação da frota. Neste ano, começa a funcionar um centro de manutenção em São Paulo que fará com que ela tenha maior independência na área de manutenção. Embraer O executivo continua avaliando se vai confirmar a compra de 25 jatos 195 da Embraer, com outras 75 opções de compra. O valor do negócio é calculado em no mínimo US$ 750 milhões. A TAM começaria a receber os aviões da fabricante nacional em 2004. "É uma decisão que precisa ser muito pensada, pois se trata de um ´casamento´ de 20 anos, que inclui as áreas de operação e manutenção", diz Martin. "Uma vez feito o negócio, o divórcio é difícil". Segundo ele, tanto uma possível retomada dos vôos internacionais como a compra de mais aviões dependerá fundamentalmente da reação do mercado nos próximos meses. Martin afirma que não pensa em comprar aeronaves de carga e manterá a atuação do serviço TAM Express na área de entrega de encomendas utilizando a "barriga" dos aviões. "Não temos plano de fundar uma subsidiária de logística, por enquanto". No setor de transporte de passageiros, Martin afirmou que manterá as parcerias estratégicas (code share) realizadas com a American Airlines e com a Air France, sem ingressar numa aliança internacional. A Air France, que faz parte da Sky Team, há muito tempo quer levar a TAM para lá. Transbrasil Martin confirmou que a Infraero cedeu à TAM seis balcões da Transbrasil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Ele afirmou que tem interesse na infra-estrutura utilizada pela Transbrasil caso ela não volte mesmo a operar. "Gostaríamos de usar o terminal de carga da Transbrasil em Guarulhos, um hangar em Congonhas e um hangar em Brasília". Anunciou ainda que em março próximo, a TAM começará a usar seu centro de manutenção em São Carlos, onde investiu cerca de R$ 20 milhões. "Temos ali um centro de manutenção de primeira linha, onde enviaremos os aviões para manutenções mais prolongadas. Temos uma bela pista e um hangar com todos os equipamentos necessários para um trabalho essencial como o de manutenção", disse o presidente da TAM. Preços Martin admitiu que poderá alterar os preços da ponte aérea Rio-São Paulo quando a Gol começar a operar na rota de maneira definitiva e cumprir a promessa de oferecer preços mais baixos. "Isso quem define é o mercado", afirma, acrescentando que todas as empresas vão mexer nas tarifas para buscar mais passageiros. "Nossas margens de lucro estão muito estreitas e precisamos de escala". E explicou: "Na aviação é necessário se ter escala. Sem ela, nada feito. É preciso ter produtividade elevada que propicie alta competitividade. Só conseguimos com escala". O executivo negou boatos de parcerias entre a TAM e a Rio Sul (do grupo Varig). "Sempre há a possibilidade de acordos, mas não há nada de concreto". Dentro da sua sala no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, Martin finaliza declarando que mantém o otimismo e o bom humor que eram a as marcas registradas de seu amigo Rolim. "Temos duas opções: chorar ou sorrir; então vamos continuar a passar pelos obstáculos sorrindo".

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