Elbo Gibertoni, de 90 anos, é a testemunha das transformações que ocorreram na cidade de Taquaritinga (SP), que nos anos 1980 ganhou o posto de capital da laranja.
“Era uma maravilha: tinha muito serviço, muitos colhedores, empreiteiros e caminhões para puxar laranja”, lembra o ex-citricultor. Na época, Gibertoni plantava laranja numa área de 40 alqueires no município. “A maior parte da área hoje tem cana, arrendei para usina. Eu cultivo também limão e goiaba por conta”, diz o ex-citricultor, que está aposentado. Atualmente, quem toca a fazenda é o filho.
Segundo ele, as processadoras de suco foram ganhando dinheiro e comprando terras. Agora eles têm a própria produção de laranja e a safra dos pequenos citricultores foi recusada. Isso provocou uma profunda mudança no perfil da cidade. “Taquaritinga murchou, ficou mais pobre”, diz ele.
É que, com a laranja, circulava muito dinheiro no município por causa do grande número de trabalhadores, uma vez que a colheita é manual “O pessoal vinha colher laranja e gastava o dinheiro aqui.”
Com a chegada da cana, que substituiu boa parte da laranja, a mão de obra foi dispensada, porque a roça é mecanizada, do plantio à colheita. No caso da goiaba, Gibertoni diz só na época da colheita emprega bastante gente. Na goiaba usa-se muito herbicida, roçadeira. “No limão é a mesma coisa, só paga para colher.” Nas contas do ex-citricultor, a goiaba emprega 10% da mão de obra que era usada no cultivo da laranja.
Transformação. Não é a primeira vez que há uma mudança no perfil da cidade. Em 90 anos, Gibertoni, sentado no banco da praça de Taquaritinga, lembra que presenciou muitas transformações na agricultura da região e no perfil da cidade.
“Quando eu era bem criança, o que predominava aqui era o café”, diz ele. Com a decadência da cafeicultura no Estado de São Paulo, o plantio do algodão avançou na região. Depois disso, veio a época das roças de tomate, vendido para a indústrias como Cica, Etti e Peixe.
O auge da laranja ocorreu nos anos 1980, com as fortes geadas nos pomares da Flórida (EUA), que puxavam os preços do suco e encheram o bolso dos citricultores. Agora é a vez da cana, da goiaba, da manga e do limão.