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''''Taxa de juro só depende da inflação''''

Para Guido Mantega, a crise dos mercados não vai alterar nem a Selic nem as projeções de crescimento do País

Por Monica Ciarelli (Broadcast)
Atualização:

As turbulências externas não vão ditar o rumo das taxas de juros no Brasil e, sim, a inflação. A garantia foi dada, ontem, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Os juros têm a ver exclusivamente com a taxa de inflação. Se ela estiver comportada, dentro do centro da meta, então terá espaço para (o juro) continuar em queda." O ministro admitiu, porém, que se houver um repique inflacionário, o Comitê de Política Monetária (Copom) terá de reavaliar as novas condições da economia. A meta de inflação fixada para este ano pelo Banco Central (BC) é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo. Esta semana, o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) de agosto - prévia da inflação do mês - veio acima das expectativas dos analistas financeiros. Com os dados mais salgados de inflação e o agravamento da crise, ganharam força no mercado financeiro as apostas de que o governo adotará uma atitude mais conservadora em relação aos juros. Há analistas prevendo, inclusive, o fim do ciclo de queda da taxa Selic, iniciado em setembro de 2005. Mantega acredita que as turbulências no front externo ainda não acabaram e os mercados financeiros globais devem sofrer novas "acomodações" de preços. O ministro, porém, minimiza o impacto da crise sobre a economia nacional. Declarou, inclusive, que o ministério não trabalha com mudanças na previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para os próximos anos. "(A crise) não vai alterar em nada a taxa de crescimento econômico, que deve ficar acima de 4,5% este ano", previu. O ministro veio ao Rio para uma reunião, pela manhã, com o governador Sérgio Cabral Filho. Depois, teve encontro com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Durante a estadia, aproveitou para comemorar o fato de o País ter conseguido melhorar sua classificação de risco em meio à crise financeira internacional. Na quinta-feira, a agência de rating Moody?s elevou a nota do Brasil, o que deixou o País a um passo de atingir o cobiçado status de economia "investment grade". Ao entrar nesse grupo, considerado de baixo risco de crédito, o Brasil poderá captar recursos a taxas de juros bem mais baixas e também atrair recursos de fundos de investimento estrangeiros que hoje não podem aplicar em economias sem a classificação. O ministro avalia que o Brasil ganhou a confiança do mercado internacional ao promover um ajuste fiscal consistente. "Estamos podendo mostrar uma fotografia positiva", disse Mantega. Ele repetiu que o País tem atravessado com tranqüilidade as turbulências externas por causa do bom desempenho fiscal apresentado nos últimos anos.

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