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TCU alerta Fazenda sobre risco do não cumprimento da meta fiscal de 2017

Segundo o tribunal, do total da receita prevista de R$ 27,9 bilhões, 70% têm expectativa de ingresso nos dois últimos meses, com risco de serem frustradas

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - Depois de fazer uma fiscalização nas contas do governo federal, o Tribunal de Contas da União (TCU) emitiu nesta quarta-feira, 12, um alerta à equipe econômica para o risco de descumprimento da meta fiscal deste ano. Em despacho, o ministro Vital do Rêgo adverte que receitas extraordinárias esperadas pelo governo até o final do ano poderão não se concretizar colocando a meta em risco. Segundo o TCU, do total da receita prevista de R$ 27,9 bilhões a título de concessões e permissões, R$ 19,3 bilhões (quase 70% do total) têm expectativa de ingresso nos dois últimos meses do ano em curso, com risco de serem frustradas. O alerta foi enviado aos ministérios do Planejamento e da Fazenda.

Fachada do Tribunal de Contas da União (TCU) Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO

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Na avaliação do TCU, a eventual frustração na arrecadação dessa receita de concessões e permissões poderá elevar o déficit primário do Governo Federal, no ano de 2017, de R$ 142 bilhões para R$ 161,3 bilhões, agravando ainda mais a situação fiscal do País. "Referido cenário transparece ainda mais preocupante quando se observa que os R$ 19,3 bilhões se referem a novas concessões e permissões, cuja realização das receitas previstas depende da concretização das diversas etapas próprias desse tipo de procedimento: audiência pública, aprovação do edital, realização do leilão, homologação, adjudicação, assinatura do contrato e, finalmente, pagamento à União", alerta o ministro no seu despacho.

O TCU chama atenção do Planejamento e Fazenda para o tempo exíguo de adoção de medidas alternativas de compensação via limitação da execução orçamentária e financeira ou elevação de outras receitas.

++ Governo poderá elevar gastos em apenas R$ 39 bilhões em 2018 A fiscalização do TCU avaliou que das novas concessões previstas, cujo rito típico de desestatização se alonga no tempo, apenas R$ 1,4 bilhão, relativo a leilões de aeroportos realizados no último mês de março, está em fase avançada, com previsão de assinatura de contratos e pagamento das parcelas de outorga para agosto deste ano. "O risco concreto de frustração das arrecadações, da ordem de R$ 19,3 bilhões, poderá elevar o déficit primário anual do governo federal para mais de R$ 161 bilhões, caso nenhuma medida compensatória seja adotada", diz o TCU. O alerta decorre de acompanhamento bimestral da execução orçamentária, que é realizada de forma sistemática pelo TCU. 

Via Twitter, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, fez um comentário sucinto sobre o alerta do TCU. Em postagem, ele disse que o Ministério do Planejamento recebe a recomendação de maneira "serena e objetiva".

"Essas considerações do TCU serão abordadas no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas a ser publicado até 22 de julho", tuitou o ministro. Procurado, o ministério da Fazenda respondeu que só o Planejamento falaria sobre o alerta do TCU.

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