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Julgamento da privatização da Eletrobras pelo TCU está agendado para esta terça

Processo está paralisado na Corte de Contas desde dezembro de 2021

Foto do author Marlla Sabino
Por Marlla Sabino e Guilherme Pimenta
Atualização:

BRASÍLIA - Pressionado pelo governo, o Tribunal de Contas da União (TCU) deve voltar a julgar nesta terça-feira, 15, o processo que analisa a primeira parte da privatização da Eletrobras, travada na Corte de Contas desde dezembro de 2021. Uma decisão sobre o tema é crucial para dar andamento ao processo e realizar a emissão de novas ações até maio. O entendimento é que o aval do órgão fiscalizador dará mais segurança jurídica para a diluição do controle acionário.

Em sessão extraordinária que será realizada às 16h, o ministro Vital do Rêgo devolverá seu voto-vista. Em dezembro, o ministro Aroldo Cedraz, relator do processo, apontou uma série de inconsistências no processo de privatização da estatal com enfoque na geração e distribuição de energia.

Julgamento daprivatização da Eletrobras está agendado para hoje; TCU analisa primeira parte do processo Foto: Brendan McDermid/ Reuters

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Conforme antecipado pelo Estadão/Broadcast há duas semanas, Rêgo tende a dar um voto mais duro e questionar os valores da outorga pela mudança nos contratos das usinas hidrelétricas da estatal. Durante a privatização, a empresa poderá alterar o regime de exploração da energia de suas usinas, de um modelo que só considera custos de operação e manutenção para um de preços livres.

A questão gira em torno de um tema que foi tratado na análise da unidade técnica, mas que estava fora do radar dos planos do governo: a inclusão dos valores referentes à “potência” de energia.

O ministro defende que os valores contabilizados pelo governo incorporem a capacidade de contratação de energia de usinas em momentos de maior demanda por energia, que servem para manter a segurança do fornecimento.

Isso poderia elevar o valor da taxa que precisa ser paga à União (chamada de outorga) e atrasar ainda mais o processo de venda da estatal. O governo rebate os questionamentos sobre a remuneração a prestação de serviço de potência, pois não há respaldo na lei para isso.

O ministro tinha até o dia 23 de março para levar seu voto ao julgamento, mas a ala mais alinhada ao Executivo no TCU solicitou que ele acelerasse a análise. No pior dos cenários, ministros sinalizaram reservadamente ao Broadcast que os questionamentos do voto-vista podem levar a um novo adiamento do julgamento, o que colocaria em xeque os planos de privatizar a empresa neste ano.

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A segunda parte da desestatização da Eletrobras, sobre modelagem, deve ser concluída pela área técnica entre o fim deste mês e o início de março. O relator desta etapa também é o ministro Aroldo Cedraz.

Dezembro

No julgamento ocorrido em dezembro, Cedraz determinou que o Ministério de Minas e Energia (MME) realizasse novos estudos para corrigir alguns pontos apresentados ao Tribunal. A área técnica da corte de contas identificou falhas que totalizam R$ 16,2 bilhões nos contratos relativos às usinas hidrelétricas que serão alvo da privatização. Isso porque, durante o processo de desestatização, a empresa poderá alterar o regime de exploração da energia de suas usinas, de um modelo que só considera custos de operação e manutenção para um de preços livres. Desse valor, R$ 5,6 bilhões foram reconhecidos pelo MME.

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Outro ponto questionado pelo ministro foi o efeito da privatização nas tarifas dos consumidores. Cedraz afirmou que a “neutralidade” de preço esperada pelo governo, devido à previsão de repasses de recursos da operação da Eletrobras para abater tarifas, parece estar restrita àqueles atendidos pelas distribuidoras, não se aplicando aos consumidores livres - que negociam diretamente com as geradoras.

Nesta linha, seu voto previu determinação ao MME para "elaboração de estudos quanto aos impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazo que serão causados aos consumidores de energia elétrica dos mercados cativo e livre em decorrência do bônus de outorga” que se refere à lei que permitiu a privatização. Ele apontou, no entanto, que não há qualquer pretensão de usar as informações como obstáculo para a operação.

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