Publicidade

Técnica da estatal cruza país para embarcar em plataforma

Tamar mora em Manaus e viaja ao Rio todo o mês para trabalhar 2 semanas

Por Fernanda Nunes
Atualização:
Tamar Xavier, técnica em segurança do trabalho, está há 14 anos na Petrobrás Foto: Fabio Motta/Estadão

A técnica em Segurança do Trabalho Tamar Xavier, de 40 anos, escolheu uma vida de confinamento de duas semanas todo o mês em uma plataforma marítima, porque queria “conhecer a Petrobrás que aparece na revista e na TV”. Há pouco mais de um ano decidiu se candidatar a trabalhar no pré-sal. Sua rotina passou, então, a incluir atravessar o País de avião por quase quatro horas, de Manaus (AM) até o Rio de Janeiro (RJ), para chegar ao trabalho. O último dos 21 dias de folga ela passa num hotel da capital fluminense, de onde, de helicóptero, ainda voa por mais uma hora até a plataforma P-66. 

PUBLICIDADE

“É um desafio, uma aventura e uma coisa muito gratificante, porque o pré-sal é o futuro da Petrobrás, é o futuro do Brasil, representa muito. É um orgulho grande trabalhar aqui”, diz Tamar. Ela relata ainda que, para manter o equilíbrio da vida pessoal com a profissional faz “malabarismos”. “Não é fácil, não é simples. Todo mundo que trabalha aqui sabe disso. É um desafio sempre, a cada embarque. Mas tenho conseguido.” 

Tamar, que trabalha na Petrobrás há 14 anos, estava acostumada ao regime de embarque, mas em terra. Ela tinha curiosidade de experimentar a vida numa plataforma marítima. “Quando surgiu a oportunidade, eu não pensei duas vezes.” 

O orgulho de participar do projeto “pré-sal” é compartilhado pelos trabalhadores da Petrobrás. O coordenador de produção da P-66, Osvino Koch Júnior, brinca, porém, que “a melhor coisa do embarque é o desembarque”. “É uma sensação muito boa chegar em casa. Principalmente, quando o embarque foi mais puxado e você desembarca com a sensação de dever cumprido. Você tem um descanso razoável com sua família que pode compensar o tempo ausente.”

Tecnologia

A maior parte da sua carreira de uma década na estatal Koch passou no pré-sal. Por conta da complexidade tecnológica da P-66, sua percepção é que a experiência na plataforma vai capacitá-lo a atuar em qualquer embarcação de extração de petróleo. Segundo ele, a comida (na plataforma) “é boa”. “A gente consegue dormir bem. É uma família. Confinamento parece sinônimo de prisão, mas não é assim.” 

Um dia de trabalho na P-66 se divide em cargas horárias elevadas, de mais de 12 horas dependendo da função, passagens numa pequena sala de jogos e instrumentos musicais, conversas a distância via internet e sono. O celular é lacrado no aeroporto, ainda no Rio, e só pode ser acessado novamente no retorno. Para entrar nas redes sociais, só por computadores e tablets.

Publicidade

Na P-66, o ambiente é predominantemente masculino, mas, para Tamar, uma das poucas mulheres embarcadas na plataforma, esse é só mais um dos desafios do seu trabalho. “Os homens, pela própria personalidade, são bastante impositivos. A gente (mulher) busca ter a mesma postura. No geral, são todos muito educados”, conta ela, que de volta à casa, em Manaus, em suas três semanas de folga, gosta de manter o espírito de aventura que afirmou ter optado em sua vida profissional. Quando não está confinada, ela pratica esportes radicais, como a escalada de montanhas.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.