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Tecnologia de ''Minority Report'' vira realidade

Avanços mostrados pelo filme, que se passa em 2054, já fazem parte do dia a dia das pessoas

Por Charles Arthur/THE GUARDIAN
Atualização:

O novo sistema de jogos Kinect, da Microsoft, que permite que os jogadores corram, pulem, batam e atirem sem precisar de uma roupa estranha ou segurar nenhum tipo de controle, tem uma tecnologia que remete a Tom Cruise e ao filme Minority Report. Especificamente, ao momento em que Cruise, que no longa faz o papel do policial John Anderton, tenta analisar dados de computador movendo as mãos no ar para manipulá-los: virando-os, minimizando-os, arrastando-os de lado, revolvendo-os. Dentro de pouco tempo, com toda a probabilidade estaremos controlando nossos computadores de modo semelhante.Quando Minority Report foi lançado, em meados de 2002 - o iPod tinha menos de um ano de existência e o iPhone e o iPad sequer brilhavam nos olhos de Steve Jobs -, suas visões tecnológicas do futuro pareciam incrivelmente fantásticas. O filme se passava em 2054 (o conto de Philip K. Dick, no qual se baseia, não é muito preciso quanto à data), portanto, o diretor Steven Spielberg supostamente calculou que estava dando tempo o bastante para a quantidade de tecnologias avançadíssimas vistas em cena se tornarem parte da nossa vida cotidiana.Spielberg, no entanto, não contou com alguma coisa que poderia se chamar "o efeito Star Treck". Se você exibe tecnologias imaginárias fantásticas em um filme ou série de TV, crianças, adolescentes e viciados em tecnologia de todas as idades tentarão o impossível para que elas se transformem em realidade. Quando James T. Kirk era transportado para um planeta alienígena e abria o seu comunicador, quando Spok agitava o seu "tricorder", aparelho de múltiplas funções sobre formas de vida estranhas e murmurava "intrigante...", e quando a tripulação da Enterprise era teletransportada, uma geração olhava aquilo e pensava: este é o futuro e não terei a chance de viver nele.Engenhocas. O mesmo acontece com Minority Report. Assim como todos os melhores filmes de ficção científica, ele mostrou numerosas engenhocas, mas não se baseou nelas como elemento fundamental do enredo, que ainda girava em torno da capacidade das pessoas de enganar a si mesmas em relação à verdade, à mentira e à realidade. Mas, para um grande número de fãs vidrados em tecnologia, o enredo era secundário em relação às possibilidades oferecidas pelos recursos tecnológicos mostrados.E eram muitos: o pré-crime (a previsão de que uma determinada pessoa cometeria um crime); o reconhecimento da íris (que permitia identificar qualquer pessoa); a publicidade personalizada (o que a pessoa vê nos cartazes é uma mensagem dirigida a ela particularmente); o e-papel (papel eletrônico para jornais com imagens em movimento); o vídeo em 3-D (precisaremos explicar isto?); carros guiados por computador; aranhas-robôs (para seguir pessoas); jetpacks (máquinas voadoras individuais) e alguns dispositivos tecnológicos bem desagradáveis usados pela polícia - como o bastão que deixa a pessoa atingida doente e "o colar" (que efetivamente paralisa a pessoa em que é colocado).Coisas como computação pelo movimento da mão ainda estavam longe (embora na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1984 tenha sido usado um jetpack). Mas, oito anos mais tarde, Spielberg e seus assessores de tecnologia agora descobrem que, na época, foram cautelosos demais...

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