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Tecnologia muda nosso jeito de ver televisão

Por Ethevaldo Siqueira e esiqueira@telequest.com.br
Atualização:

Para onde caminha a televisão? Qual é o futuro desse meio de comunicação, diante de tantas mudanças de paradigmas, do processo de convergência digital, da fusão crescente com a internet, da popularização lenta das imagens de alta definição, das perspectivas da TV tridimensional (TV3D), da chegada dos Blu-ray discs, das novas e revolucionárias tecnologias para monitores, tornando-os cada vez maiores e com melhor qualidade? Sintetizo a seguir as respostas a essas perguntas, a partir de entrevista exclusiva feita com Romulo Pontual, um dos maiores especialistas do mundo na área de TV por assinatura, vice-presidente executivo e diretor de tecnologia da DirecTV, do Grupo Murdoch, engenheiro brasileiro radicado nos Estados Unidos há mais de 15 anos. Pontual esteve em São Paulo e falou no Congresso da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA 2009), de 11 a 13 de agosto. Nos EUA, a DirecTV aposta na ubiquidade, ou seja, na possibilidade de recepção de conteúdos em qualquer lugar, via terminais e dispositivos portáteis, como celulares e laptops. Para Pontual, "é preciso levar o conteúdo Premium aonde o assinante estiver, mesmo que ele esteja longe do televisor". Assim, assinantes que eventualmente tenham comprado o pacote de jogos da Liga de Futebol Americano (NFL, na sigla em inglês) poderão assistir aos jogos também em seus computadores, laptops ou celulares. É quase certo que, a longo prazo, a TV paga tende a substituir a TV aberta, em especial nos países mais desenvolvidos. No Brasil, o fenômeno parece mais distante, pois a TV aberta ainda está presente em mais de 95% dos domicílios enquanto a TV paga está em apenas 10%. BLU-RAY NÃO DECOLA "O Blu-ray não vai decolar nem, muito menos, reeditar o sucesso do DVD convencional, como produto de massa", prevê Pontual. "Na melhor das hipóteses será incorporado aos home theaters de melhor padrão." Quase três anos depois de lançado, o Blu-ray ainda se mantém muito caro para a maioria dos consumidores de classe média, nos Estados Unidos. E não atrai a grande maioria dos consumidores, que preferem a TV de alta definição, seja por assinatura ou em TV aberta (broadcasting). A previsão do executivo é a de que, no futuro, o Blu-ray deverá ocupar apenas um nicho de mercado, na melhor das hipóteses. HDTV E MONITORES A tecnologia dos monitores de TV vem passando por transformações radicais e revolucionárias nos últimos anos, sendo a principal delas o televisor plano, de plasma ou de cristal líquido (LCD). "Com isso, explica Pontual, o consumidor tende a comprar o maior televisor que seu poder aquisitivo permitir. Se dispõe de R$ 3 mil, por exemplo, para comprar hoje um televisor de 42 polegadas, daqui a dois anos, com os mesmos R$ 3 mil, poderá comprar um de 50 polegadas. Além disso, a queda de preços é hoje bem mais acelerada do que no passado." O grande avanço atual de monitores e televisores decorre das novas tecnologias da imagem, como a de diodo emissor de luz (LED sigla de Light Emmitting Diode), que consome menos e tem maior contraste e luminosidade. Superior à TV de LED será a de LED orgânico (OLED, Organic Light Emmitting Diode). 3D NÃO SEDUZ "Pessoalmente, ainda não acredito no impacto nem no sucesso da televisão tridimensional (TV3D)", afirma Pontual. "Falta maior volume de conteúdo para adultos, embora já surjam os primeiros filmes de boa qualidade com imagem em três dimensões. Diferente é o mercado infantil, com jogos em 3D que encantam a garotada, desenhos do tipo Godzilla, ou cartoons em que o garoto se sente parte do espetáculo. O uso de óculos especiais para assistir a filmes em TV3D não me parece ser um problema." Quanto à tecnologia disponível, não há dificuldade de transmissão nem de se oferecer conteúdo para TV paga em 3D hoje. Pontual afirma que, nas transmissões da DirecTV, certos tipos de programas são mais aceitos em 3D do que outros - especialmente os de ação, esporte ou desenhos de alto padrão. WEB É COMPLEMENTO As relações entre a TV e a internet se aprofundam a cada dia mais e ambos os setores podem fundir-se em diversos segmentos. A internet é um meio de comunicação com distribuição ponto a ponto. Seu custo de distribuição é maior do que os de broadcasting. "Vejo a internet como uma alternativa para mercados de nicho", diz Pontual. E isso quando a tecnologia de banda larga permitir uma qualidade compatível com o nível de exigência do público. É mais provável que a TV via internet venha a ser um complemento da televisão - tanto por assinatura quanto em broadcasting, como na recepção de eventos esportivos no celular. Esse é um dos filões oferecidos pela convergência - em especial a da mobilidade e da internet. A interatividade avançada na TV parece ter poucas perspectivas de sucesso nos próximos 10 anos, na opinião de Pontual. Hoje, uma das formas incipientes de interatividade é a do acesso às grades de programação e às informações sobre conteúdo da própria TV por assinatura ou TV digital aberta.

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