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Telefonia é a vilã do real; vestuário é o herói, diz Fipe

Leia mais no especial de 10 anos do Plano Real

Por Agencia Estado
Atualização:

A tarifa de telefonia fixa foi a grande vilã dos dez anos do Plano Real na inflação na cidade de São Paulo, segundo a Fipe. Enquanto o IPC variou 145,01% de julho de 1994 a junho de 2004, o telefone foi reajustado em 611,02%. Já os preços do vestuário foram os que menos subiram: 11,39% em média. A inflação só não foi maior ao longo dos últimos dez anos porque a alimentação variou abaixo da IPC, chegando em junho deste ano acumulando uma alta de 104,89%. O coordenador do IPC, Juarez Rizzieri, dividiu o Plano Real em duas fases: antes de 1999, quando o País tinha o câmbio fixo, com 1 real valendo 1 dólar, e o posterior, quando ocorreu a desvalorização do real e foi adotado o câmbio flutuante. "O Plano Real, na sua primeira fase, foi voltada para a economia interna. Neste período, com a valorização do real, houve uma redução dos preços, em especial dos alimentos, em detrimento do mercado externo", disse. Na segunda etapa, o câmbio passou a exercer o papel de reduzir a vulnerabilidade da economia doméstica ao cenário externo. "Esta é uma orientação da economia que afastou o governo do populismo, já que ela impôs um alto custo à sociedade com o câmbio mais alto e a taxa de juros elevada", disse. Segundo ele, os preços domésticos se elevaram mais após a desvalorização da moeda, especialmente os dos setores de serviços. A tarifa de água e esgoto, por exemplo, foi aumentada em 223,02% no Plano Real. A energia elétrica subiu 221,02% e o gás de botijão, 483,05%. "Estes preços foram formalmente indexado aos IGPs, compostos em sua maior parte pela variação cambial dólar", disse. Rizzieri destaca ainda que informalmente a educação, com alta de 242,70%, também passou a ser indexada com base na inflação do ano anterior. Já o aumento menor do vestuário, segundo ele, é uma prova de que o governo, com a desvalorização de 1999, conseguiu baixar o consumo interno com a redução do poder de compra. "O governo foi bem-sucedido naquilo a que ele se propôs a fazer", disse. Ele destacou que a redução da vulnerabilidade da economia ao cenário externo se deu com elevada taxa de desemprego, baixo rendimento e reduzido crescimento do PIB.

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