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Temor de escassez de energia eleva tarifa

O risco de escassez de energia elétrica já começa a chegar ao bolso do consumidor. Os 12 primeiros reajustes autorizados pela Aneel chegaram a 18,08%. No mercado não faltam justificativas para explicar uma elevação tão expressiva.

Por Agencia Estado
Atualização:

O risco de escassez de energia elétrica já começa chegar ao bolso do consumidor. Os 12 primeiros reajustes autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que variam de 13,39% a 18,08%, assustaram até mesmo os especialistas de acompanhamento de preços. A preocupação aumentou após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), na 4.ª-feira, prevendo para 2001 reajuste médio de 15,8%. "Se o Banco Central faz uma previsão dessas, é porque a situação está pior do que a gente imagina", comentou o coordenador de Pesquisa da Fipe, Heron do Carmo. No mercado, no entanto, não faltam justificativas para explicar uma elevação tão expressiva. Entre elas: falta de chuvas, incentivo para instalação das térmicas movidas a gás natural, expansão do parque gerador e alta do dólar. A principal delas recai sobre a estiagem em algumas regiões do País, principalmente, no Triângulo Mineiro. Como os níveis dos reservatórios estão baixos, o risco de um colapso das geradoras é grande. A saída, segundo o diretor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Luiz Carlos Guimarães, está sendo recorrer às usinas termelétricas para manter a oferta de energia no mercado. O problema é que o custo do óleo aumenta o preço das tarifas. "Só em 2000, foram consumidos cerca de R$ 2 bilhões em combustíveis para suprir a falta de água; e a perspectiva é que o número aumente este ano." Crescimento econômico O temor pela escassez de energia tem crescido principalmente por causa das perspectivas de crescimento econômico do País. Segundo o diretor do departamento de Infra-estrutura da Fiesp, Luiz Gonzaga Bertelli, se a economia crescer 4% ao ano, o consumo de energia sobe para 6%. Isso porque, num cenário estável, a população passa a ter poder aquisitivo para comprar mais aparelhos eletroeletrônicos, avalia. Na opinião do economista da Tendências Consultoria, Fábio Silveira, o País não tem capacidade para suportar um aumento tão grande no consumo. "Com a oferta limitada e as geradoras sem potencial para investir, a solução é apressar o programa de instalação das térmicas movidas a gás." Mas, se o reajuste previsto para este ano está sendo considerado alto, o custo das térmicas será ainda maior, diz Silveira. Pelo menos, durante o período de expansão das usinas. Além disso, o preço do gás acompanha as oscilações do petróleo. Aliás, uma das hipóteses levantadas pelo coordenador de pesquisa da Fipe, para justificar o reajuste das tarifas de energia em 2001, é que o governo estaria embutindo no aumento um incentivo para que geradoras e distribuidoras invistam na instalação dessas usinas. O programa de geração térmica prevê a instalação de 49 usinas até 2003, sendo que a Petrobrás tem parceria minoritária em 29 projetos. Outra possibilidade seria a necessidade de manutenção dos equipamentos das geradoras para evitar o esgotamento da oferta de energia. "Tivemos a privatização das distribuidoras, mas as geradoras continuam no poder do governo e sem investimentos", analisa Silveira da Tendências.

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