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Temor de recessão nos EUA derruba bolsas na Ásia e Europa

Em vez de acalmar investidores, plano anunciado por Bush deixou a sensação de que medidas são insuficientes

Por Daniela Milanese e da Agência Estado
Atualização:

A semana começa bastante pesada nos mercados da Ásia e Europa. As bolsas exibem forte queda, derrubadas pela percepção de que a economia dos Estados Unidos entrará em recessão. O plano do presidente George W. Bush, anunciado na sexta-feira, 19, não acalmou os investidores. Ao contrário, ficou a sensação de que as medidas são insuficientes para reanimar a maior economia do mundo. A falta de detalhes sobre o plano de Bush também contribui para acirrar o nervosismo do mercado. O pacote de estímulo fiscal para os EUA deve ser de aproximadamente 1% do PIB, algo entre US$ 130 bilhões e US$ 150 bilhões.   Mesmo com o mercado americano fechado nesta segunda-feira, 21,, devido ao Dia de Martin Luther King Jr., os investidores não terão alívio. Além de todos os problemas já gerados pela crise do subprime, surgem novos temores em relação às agências seguradoras de bônus. No mercado, há quem acredite que as notícias divulgadas até agora sejam apenas a ponta de um iceberg, indicando problemas muitos maiores para os próximos dias.   O jornal Financial Times desta segunda aponta para o acirramento da percepção do "risco de contraparte", algo que ficou completamente apagado durante a bolha de crédito e agora surge como grande preocupação.   O rebaixamento do rating da ACA, uma seguradora de bônus pequena, já fez com que algumas de suas contrapartes, como Merrill Lynch e Credit Agricole, registrassem baixas contábeis. A ACA, que agora luta para escapar da insolvência, vende para os bancos um tipo de seguro contra perdas no mercado mais arriscado de dívidas. Se a companhia for à falência, esses seguros viram pó e todos os outros bancos que fecharam negócios com a ACA registrarão prejuízos, explica o FT.   As tensões envolvem ainda outras duas seguradoras: a Ambac e a MBIA. Na última sexta-feira, a Ambac Financial Group perdeu seu rating AAA concedido pela Fitch Ratings.   Especialistas também já apontam que a retração da economia americana tem poder para esfriar o mercado de commodities, que passou por valorizações expressivas durante anos. Existe a percepção de que o cobre pode cair pela primeira vez em 2008, após sete anos seguidos de alta. Além do esfriamento da atividade nos EUA, conta também o fim das construções necessárias para a realização das Olimpíadas na China neste ano, algo que vinha dando boa sustentação para as commodities metálicas. O petróleo opera em queda nesta segunda.   As perdas nas bolsas da Ásia foram bastante elevadas nesta segunda-feira. O índice Hang Seng, de Hong Kong, mergulhou 5,5%, acompanhado pelo indicador de Shangai, da China, que afundou 5,14%. O índice de Nikkei, do Japão, teve perda um pouco menor, de 3,86%, mas ainda assim expressiva.   Europa   O tom negativo segue pela Europa. Às 9h43 (de Brasília), a Bolsa de Londres caía 3,70%, a de Paris cedia 5,03% e a de Frankfurt recuava 5,72%.   Em Frankfurt, o Commerzbank puxa o movimento e cai mais 5%, depois que o Deutsche Bank rebaixou sua recomendação de compra para manter, citando o "risco relacionado a recessão". O Deutsche Bank também reduziu o preço alvo do Commerzbank de 33 euros por ação para 25,50 euros por ação. "Com as tensões sustentadas em certas partes dos mercados de capitais, o risco de uma recessão e as implicações negativas para os bancos aumentam", alertaram os analistas do Deutsche Bank.   Um trader alemão citou "vendas parecidas com pânico" e afirmou que uma recuperação parece improvável, à luz do feriado nos EUA. Entre outros destaques de perdas da Bolsa de Frankfurt, as ações da Allianz despencam 8,7%, as do Hypo Real Estate caem 8,7%, as do Deutsche Bank cedem 6,3% e as da Deutsche Boerse recuam 10%.   "Nós estamos no meio de uma grande liquidação. Eu espero que nós estejamos perto do fim. Esses são os dias em que você sente que envelheceu anos como gestor de portfólios", disse Susan Levermann, gestora de fundos do DWS Investment GmbH em Frankfurt.   Em Paris, as ações do Société Générale caem 7,1%, as do BNP Paribas cedem 7% e as do Credit Agricole devolvem 6,5%. Um trader local destacou que os volumes estão baixos e afirmou que o pânico não está se instalando.   Em Londres, as ações do Royal Bank of Scotland caíram 3,6%, as do HBOS cederam 2,8% e as do HSBC devolveram 2,7%.

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