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Temor do câmbio livre provoca corrida ao dólar

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo argentino assistiu nesta sexta-feira a uma nova corrida dos cidadãos para comprar dólares - a terceira consecutiva depois de vazada a intenção do governo de eliminar o câmbio duplo e de adotar uma política de plena flutuação da moeda nas próximas semanas. A intervenção do Banco Central não foi suficiente para puxar para baixo a cotação do dólar. Logo pela manhã, a moeda norte-americana foi cotada a 2,00 pesos. Por volta das 15h (16h, em Brasília), alcançou 2,10 pesos, mas fechou em 2,15 pesos. A situação provocou maior ponderação da equipe econômica ao concluir o pacote econômico, previsto para ser anunciado neste sábado pelo ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, mas adiado nesta sexta-feira à noite. Em princípio, está mantida a antecipação da flutuação plena do câmbio. Mas o governo voltou atrás e pretende conseguir fechar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) antes de pôr em prática a medida. Na City de Buenos Aires - a região central onde se concentram as sedes dos principais bancos do país -, o tumulto decorrente da demanda de milhares de argentinos por dólar misturou-se a protestos contra o congelamento dos depósitos bancários no chamado "corralito". Longas filas de compradores começaram a formar-se por volta das 3h da madrugada, principalmente nas portas dos bancos estatais no centro de Buenos Aires - os que ofereciam as taxas de conversão mais favoráveis. As pessoas levaram cadeirinhas de praia, garrafas térmicas e cuias para o preparo de mate (a versão local do chimarrão) para as portas dos bancos e das casas de câmbio. As instituições distribuíram senhas, para evitar distúrbios, e ampliaram o prazo de atendimento. Diante da sede do Banco da Nação Argentina, a principal instituição estatal do país, as filas se estendiam por cinco quarteirões. Logo pela manhã, o mesmo banco limitou as vendas de dólares a US$ 300 por pessoa - assim como já havia feito nesta quinta-feira. No início da tarde, a direção da entidade decidiu reduzir ainda mais esse limite, para US$ 200. Quando faltavam apenas 10 minutos para o fechamento das operações de câmbio pela instituição, a fila de compradores ainda se estendia por cerca de três quarteirões. A sede do Banco da Nação Argentina transformou-se também em palco de um panelaço que, horas antes, circulava entre as instituições do centro de Buenos Aires. Pacificamente, cerca de 200 manifestantes mesclaram-se entre os compradores de dólares e entraram no prédio da entidade aos gritos de "ladrões" e "devolvam nossos dólares". Chegaram a bater as panelas na porta do gabinete do presidente da instituição, Enrique Olivera, e a cumprimentar os policiais, que não reagiram. A forte pressão pela compra de dólares vem sendo observada desde terça-feira, quando surgiram as primeiras notícias de que o governo promoveria a unificação e a flutuação plena do câmbio. Leia o especial

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