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Tempo de sucessão nas franquias

Por Carolina Dall'Olio
Atualização:

Franqueados chegaram à maturidade e donos das marcas começam a preparar programas de treinamento para os potenciais sucessoresA aposentadoria chegou às franquias. Como as primeiras redes surgiram na década de 50 no Brasil, muitos franqueados já atingiram a maturidade e agora dão lugar a uma nova geração de empresários. Ao passar o bastão, entretanto, eles constatam que não são os únicos responsáveis por definir o futuro de suas empresas. Cabe ao franqueador a palavra final a respeito da escolha do sucessor.Isso ocorre porque o sistema de franquia funciona como uma concessão dada pela administradora da empresa para que empreendedores utilizem sua marca e vendam seus produtos e serviços por um tempo determinado. Esse prazo é estipulado em contrato e costuma variar entre três e dez anos. "Ao fim do período, é a franqueadora quem resolve se vai renovar a parceria ou não", enfatiza a advogada Melitha Novoa Prado, especialista em contratos de franchising. "Mas se tudo vai bem, não há porque descredenciar um franqueado." Para tomar essa decisão, a rede adota diversos critérios. O comportamento do empresário, o desempenho das vendas de sua unidade, o estado de conservação da franquia e o respeito aos padrões são alguns dos aspectos sempre observados. "O empreendedor também precisa mostrar que está a fim de tocar o negócio e se identificar com o público e com a marca", justifica Antônio Carlos Nasraui, diretor das franquias Rei do Mate, rede com 20 anos de existência. Quem não atende a essas exigências, está fora. "O mesmo raciocínio vale para aprovarmos ou não o sucessor escolhido pelo franqueado." Caso não haja consenso, a franquia é repassada para outro candidato que a rede seleciona.O Boticário, uma das maiores e mais antigas franqueadoras do País, já definiu com clareza quais quesitos o herdeiro de um franqueado precisa preencher para assumir o negócio. E a lista é grande. O candidato deve ter entre 24 e 50 anos e possuir formação superior, de preferência em administração de empresas ou economia. "Também sugerimos que tenha pelo menos quatro anos de experiência na área comercial e de varejo, e dois anos de exercício em função de liderança", informa Osvaldo Moscon, diretor de franchising do Boticário. O programa de avaliação e treinamento dos novos franqueados pode durar dois anos.Paulo Picolli, franqueado do Boticário há 31 anos e dono de nove unidades da marca, já indicou o filho Patrick, com 27 anos, para participar do programa. "Ele já me ajuda na empresa e agora vai poder entender melhor os conceitos da marca", avalia o empreendedor.Paulo não tem formação superior. Patrick graduou-se em administração de empresas e cursou MBA no exterior. E o conhecimento técnico do rapaz já trouxe até melhorias para os negócios da família. "Por sugestão dele, implantamos reuniões semanais com as equipes para discutir os resultados de um jeito mais informal", conta Paulo. "A relação com os funcionários melhorou porque demos a eles liberdade de se expressar."InesperadoMas nem todos os franqueados têm a sorte de Paulo, que conta com um herdeiro qualificado para sucede-lo e dispõe de tempo para prepará-lo corretamente. A mudança de comando de muitas empresas pode acontecer da noite para o dia. Mas isso não significa que as coisas vão necessariamente dar errado.A franquia do Habib's no bairro carioca de Taquara já tinha sido inaugurada quando o empresário Valdir Fazoni faleceu, aos 47 anos, com um aneurisma cerebral. Sem o marido, a professora de inglês Maria Lucia Fazoni viu-se obrigada a assumir o negócio. "Era a forma de sustentar meus três filhos", conta.A professora se revelou uma empreendedora nata. Com treinamento e dedicação, a loja deu bons resultados e Maria Lucia adquiriu outras cinco unidades. Hoje ela é uma das melhores franqueadas da rede.O Habib's também possui um programa de treinamento específico para os sucessores, com atividades práticas e teóricas. Mas para Alberto Saraiva, fundador da empresa, a característica mais importante que o sucessor deve ter é vontade de trabalhar. "É preciso estar na loja, perto dos clientes, para saber quais são os problemas e o que pode ser melhorado no dia a dia", avalia o franqueador.

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