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Tendência das transações correntes é preocupante

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Por Redação
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O resultado de março das contas externas mostrou uma nova deterioração: o déficit de US$ 3 bilhões esperado para as transações correntes ficou em US$ 5,067 bilhões, ante os US$ 3,251 bilhões do mês anterior.Não é apenas o aumento do déficit ? que no trimestre já alcança US$ 12,1 bilhões ? que mais preocupa. Os investimentos diretos estrangeiros (IEDs), com os quais se contava para cobrir esse déficit, somaram apenas US$ 2,018 bilhões. Ao mesmo tempo, as saídas de divisas para pagamentos de juros e dividendos, num período do ano normal, chegaram a US$ 2,535 bilhões, o que mostra que a entrada de capitais externos nem sempre representa um alívio para o balanço de pagamentos, pois também cria o direito de remeter lucros e dividendos, ou seja, saída de recursos.Apesar do déficit das transações correntes, que tem sua fonte no déficit dos serviços e rendas, e da forte queda do resultado da balança comercial, registrou-se ainda um superávit de US$ 3,2 bilhões no balanço de pagamentos, o que pode levar à conclusão de que as transações correntes não constituem o elemento mais importante nas contas externas. De fato, a conta financeira representa um meio de compensar largamente o déficit das transações correntes. Nessa conta, deve-se incluir os IEDs, os investimentos em carteira e em títulos de renda fixa, sem esquecer os empréstimos externos captados. Já verificamos que, no caso dos IEDs, as remessas de lucros podem ser superiores às entradas de capital; os investimentos em carteira ou em renda fixa são muito voláteis e podem rapidamente gerar saídas de capitais.A maior fonte de recursos da conta financeira são os empréstimos externos. Em março, contribuíram para um ingresso de recursos da ordem de US$3,343 bilhões, e a rolagem da dívida foi de 102%. No entanto, a captação de empréstimos externos depende de fatores como a liquidez internacional e também da situação interna do tomador, que um déficit prolongado das transações correntes pode afetar negativamente.Não há perspectiva de uma melhoria das contas externas nos próximos meses. O BC estima, para abril, um déficit das transações correntes de U$4,8 bilhões, um IED de US$ 2,8 bilhões e uma taxa de rolagem de 290% (até ontem) que se deve a empréstimo do governo. A preocupação fica em torno da balança comercial, que o excesso de demanda doméstica afeta negativamente, e da necessidade crescente de empréstimos externos para compensar a inexistente poupança interna.

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