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Tendência de queda do juro deve incrementar crédito, diz BC

Por Agencia Estado
Atualização:

A manutenção da tendência de queda das taxas de juros praticadas nas operações de financiamento no País poderá incrementar o volume de concessões de crédito nos próximos meses. A avaliação é do chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes. "A tendência observada é de queda (das taxas de juros) e ela vai se mantendo. A sociedade terá de olhar, e ver se isso é satisfatório", argumentou Lopes, ao ser questionado se o atual patamar de juros já seria suficiente para um incremento da demanda por financiamentos. Lopes reconhece que mesmo com a redução da alíquota dos depósitos compulsórios, a demanda por crédito no País ainda é baixa. Agora em setembro, por exemplo, a média diária de concessões de financiamento para pessoas físicas, apurada nos primeiros 10 dias do mês, registrou um recuo de 3,8%. O aumento de 0,6% no volume de crédito ofertado pelo sistema em agosto foi influenciado, na avaliação de Lopes, pelo efeito "Dia dos Pais" e não pela redução do compulsório. Passado isso, o crédito voltou a recuar. "Essa queda na concessão média (em setembro) para pessoas físicas reflete a queda de 22% no uso do cartão de crédito", explica Lopes. "Em agosto houve uma elevação sazonal por causa do Dia dos Pais mas isso já é um prenúncio de recuperação do crédito", argumentou. Juros bancários caem com redução de spread Sobre a queda dos juros praticados pelas instituições financeiras nas operações com cheque especial, Lopes reconhece que a taxa ainda é alta, mas já volta a patamares registrados em 2001. A expectativa do Banco Central é de que, mantida a queda das taxas ativas de juros, a demanda por crédito seja retomada, aquecendo assim o consumo e, consequentemente, a atividade econômica como um todo. "O que se espera é que esse movimento (de aumento na demanda por crédito) já comece a ser sentido na margem", explicou Lopes. Com base nos dados coletados pelo Depec, Lopes avalia que o movimento de redução nas taxas de juros das operações de financiamento tem sido "pronunciados" e acompanhados por um aspecto ainda mais positivo: a queda do spread bancário, que é a diferença entre a taxa de captação e a aplicada na operação final de financiamento. Essa é a parcela que encarece os empréstimos concedidos no País. Nos primeiros 10 dias de setembro, o spread cobrado nas operações com pessoas físicas caiu de 53,6% ao ano, registrado em agosto, para 51,9% ao ano. Na média, o spread cobrado pelo sistema em suas operações - com pessoas físicas e empresas - caiu de 31,3% para 30,6% ao ano. Houve também uma queda, nesse período, das taxas ativas praticadas. Para as empresas, os juros médios praticados nas operações de financiamento do início de setembro foram de 35,10%, abaixo portanto dos 36,3% apurados em agosto. No caso das pessoas físicas, a taxa caiu de 74,5% para 70,8%. "São quedas bastante pronunciadas, com esse aspecto qualitativo de queda nos spreads", analisa Lopes. Juros dos empréstimos bancários também recuam O chefe do Depec do BC disse que os juros dos empréstimos bancários prefixados estavam em 62,2% ao ano no último dia 10 de setembro. O porcentual já é menor que os 65,4% do final de agosto divulgado na manhã de hoje. As taxas do crédito pessoal, segundo Altamir, caíram dos 87,5% do final de agosto para 83,6% no último dia 10, e os juros dos empréstimos para a compra de veículos foram reduzidos de 41,4% para 39,4% ao ano. Nas operações com pessoas jurídicas, os juros foram reduzidos de 51,7% para 49,7% nos descontos de duplicatas. Os juros dos empréstimos para a formação de capital de giro diminuíram, ao mesmo tempo, de 42,5% para 40,2% no último dia 10. Operação de crédito ao governo cresceu 3,7% em agosto Altamir Lopes disse tambémq ue as operações de crédito do sistema financeiro destinadas ao governo federal registraram um aumento de 3,7% em agosto, de acordo com os dados apurados pelo Depec. Esse crescimento foi influenciado, basicamente, pela operação feita entre o BNDES e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), segundo revelou Lopes. Com isso, o saldo dessas operações subiu para R$ 4,888 bilhões, ante R$ 4,712 bilhões apurados em julho. Em contrapartida, as operações destinadas a Estados e municípios registrou um recuo de 1,5%, para R$ 10,212 bilhões. Essa queda, segundo Lopes, aconteceu porque uma dívida contraída por um Estado foi contabilizada pelo sistema financeiro público como prejuízo. Lopes não revelou qual o Estado teria deixado de efetuar o pagamento do débito. De qualquer forma, a queda no saldo das operações de crédito com governos estaduais e municipais foi pequena, em termos nominais, passando de R$ 10,364 bilhões para R$ 10,212 bilhões.

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