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Tendência é de alta, mas com variação contida em 12 meses

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Por Redação
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ANÁLISE: José Paulo Kupfer

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A inflação, medida pela variação do IPCA em agosto, em si mesma, não foi alta. Se repetida, mensalmente, em 12 meses, nem chegaria a 3% ao ano. Mas o resultado de 0,24%, anunciado ontem pelo IBGE, expressa uma retomada das altas, em relação à quase estabilidade de julho. Mostra também uma disseminação de altas de preços, já captando os primeiros efeitos inflacionários das desvalorizações do real, registradas nos últimos meses.

O recuo do índice, no cálculo do acumulado em 12 meses, de 6,27% em julho, para 6,09%, em agosto, se deve à base de comparação elevada - de agosto a dezembro de 2012, os índices mensais de inflação pelo IPCA escalaram de 0,41%, em agosto, a 0,79%, em dezembro. Embora a tendência para a variação mensal do IPCA, daqui até o fim do ano, seja de aceleração, a base de comparação funcionará com um fator de contenção dos acumulados em 12 meses. O mais provável, de todo modo, é que fiquem mais perto do teto do que do centro da meta.

Se é praticamente certa a ocorrência de aceleração gradual no IPCA, não está fácil projetar a marcha dos preços para o restante do ano. Difícil antecipar os movimentos no mercado cambial, que podem pressionar os preços, principalmente os dos produtos que competem com importados. Complicado também adivinhar se e quando o governo vai liberar aumentos nos preços dos combustíveis - cujo impacto inicial na inflação é sempre forte. Daí porque as projeções para a variação do IPCA daqui até o fim do ano andam bem divergentes.

Para setembro, por exemplo, já é possível encontrar previsões para a variação do IPCA mensal num largo intervalo entre 0,4% e 0,6%. Dependendo do que for apurado pelo IBGE, na realidade, a inflação em 12 meses - aquela que permite acompanhar a aderência da variação de preços ao intervalo da meta de inflação - pode recuar para 5,91% ou avançar para 6,1%.

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