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Tendência para inflação não está definida, diz economista

Norma Casseb, da PUC-SP, diz que tendência vai depender de alimentos, cenário externo e matérias primas

Por Giuliana Vallone
Atualização:

A desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês de julho, para 0,53%, pode ser reflexo da alta de juros decidida pelo Banco Central, mas a tendência para os preços vai depender "da pressão dos alimentos, da pressão externa e das matérias primas". A opinião é da chefe do Departamento de Economia da PUC-SP, Norma Casseb.   Veja também: IPCA desacelera a 0,53% em julho ajudado por alimentos Como investir seu dinheiro no período de inflação  De olho na inflação, preço por preço  Entenda os principais índices  Entenda a crise dos alimentos    Ouça a íntegra da entrevista    Desde abril, o Comitê de Política Monetária (Copom) já subiu a taxa de juros em 1,75 ponto porcentual para conter a inflação, que vem beirando o teto da meta neste ano, em 6,5%. Nesta sexta-feira, foi divulgado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - índice usado como referência para a meta -, que ficou em 0,53% em julho. Apesar da alta menor do índice em relação ao mês anterior, que foi de 0,74%, o IPCA ainda acumula alta muito próxima ao teto, em 6,37%.   A economista explica que a inflação para o consumidor brasileiro tem sido causada sobretudo por questões de pressão internacional, como a demanda maior por alimentos e a alta do preço das matérias-primas (commodities como minério de ferro e petróleo).   Por conta disso, ela criticou a alta de juros promovida pelo Banco Central. "O aumento da taxa de juros vai servir muito mais pra desestimular investimentos, o que é muito ruim para o País, do que propriamente para reduzir o consumo interno", disse.   Para ela, existe um equívoco do ponto de vista da política econômica, no sentido de entender que a inflação do País esteja sendo causado predominantemente pela demanda interna. "Quando esse é o caso, a atuação na taxa de juros é relevante. Mas no caso do Brasil, a inflação é causada sobretudo por problemas internacionais de pressão de demanda, e portanto choque de oferta externa", disse.   Além da alta taxa de juros, Norma citou os efeitos da supervalorização do real, que desestimulam as exportações e, por conseqüência, desestimulam investimentos. "São dois problemas bastante graves que a economia enfrenta hoje", disse.   Ela alertou que "o custo da redução da taxa de inflação representa uma penalidade para o crescimento no médio e no longo prazo". "A inflação deve ser objeto de preocupação constante, mas ela não deve ser controlada sob o custo do crescimento do País", disse.

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