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Tendências: mercado reage a enfraquecimento de Dilma

Por Carla Araujo
Atualização:

O mercado reagiu bem à queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff na pesquisa da CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira,27, pois há algum tempo já tem expressado sua insatisfação com a política econômica do governo. A avaliação é da economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro. "Todo evento que possa em alguma medida impactar e diminuir as chances de reeleição é muito bem recebido pelo mercado", afirmou.Alessandra lembrou que na semana passada o mercado já tinha ficado "bem feliz" por conta de especulações de uma suposta queda das intenções de voto em Dilma. Segundo ela, outro movimento que chamou atenção foi o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência Standard & Poor''s (S&P). "Teve o downgrade e o mercado melhorou. Normalmente acontece o contrário. Parece que a percepção é que isso vai impactar o governo e que a reeleição não vai ser tão fácil quanto o governo estava pensando", afirma.Segundo o cientista político da consultoria, Rafael Cortez, o cenário de segundo turno já está colocado. "Trabalhamos com essa hipótese mesmo antes dessa pesquisa", afirma. Segundo ele, no entanto, o cenário eleitoral ainda está muito descolado da atual situação política. "Há um sentimento de insatisfação do eleitor, mas ele ainda não encontra alternativas, pois aos olhos do eleitor a competição eleitoral ainda não começou", ressalta.As chances de uma possível virada no cenário atual com vitória de Aécio campos (PSDB) ou de Eduardo Campos (PSB), os dois prováveis candidatos à Presidência, anima o mercado, segundo Alessandra, porque "com qualquer um dos dois há a impressão de que haverá uma retomada do antigo tripé e uma agenda econômica distinta". "A avaliação é de que há uma melhora importante com a vitória da oposição e qualquer chance está sendo precificada, por isso essa reação em preços dos ativos", afirma.Alessandra pondera que o cenário mais provável ainda é de reeleição, mas destaca que o quadro negativo da confiança do consumidor pode ser uma variável importante nas projeções de popularidade de Dilma. Para a economista, as recentes notícias negativas envolvendo o governo e a presidente devem tornar o cenário das eleições presidenciais ainda mais competitivo. "Há um mix de notícias ruins, temos a inflação relativamente alta, risco de racionamento e agora a queda de popularidade. O resultado disso é um aumento das chances da oposição", diz.Cortez afirma que a percepção do eleitorado das recentes notícias que atingem a imagem da presidente - como o aval dela para a compra da refinaria de Pasadena com base em um resumo juridicamente "falho" - vai depender do grau de exposição, do tempo em que ficarem em evidência e da "competência da oposição de politizar essa questão". "Quanto maior o espaço para essa agenda negativa, maior será o impacto que isso pode ter na popularidade da presidente", diz.O cientista político diz que trabalha com um "ligeiro favoritismo" de Dilma nas eleições. "Mas as chances de alternância são significativas", afirma. "Como a oposição tem dois nomes que nunca disputaram uma eleição ainda não há um "recall elevado". O eleitor vai demorar para transformar sua insatisfação com o governo ou com a Dilma em preferência por outro candidato", acredita Cortez.A composição de um eventual segundo turno também vai ser fundamental para a definição das eleições, na avaliação de Cortez. "O PT já está no segundo turno, a disputa real é para ver quem irá acompanhá-los", afirmou, destacando que a chance de vitória da oposição é maior em um quadro de disputa entre Dilma e Campos, pois as chances de transferência de voto é maior neste cenário. "No caso de um segundo turno entre Dilma e Aécio a votação do Campos deve ser dividida. Já Campos deve naturalmente herdar os votos do tucano numa eventual disputa no segundo turno".

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