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‘Tenho gastos com estudos para pagar'

O estudante Leandro Freitas deixou de pagar os livros da faculdade porque foi demitido

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

Até maio deste ano, o estudante do terceiro semestre de engenharia elétrica, Leonardo Barbosa de Freitas, de 20 anos, trabalhava numa empresa de manutenção industrial, com clientes principalmente no setor automobilístico. Mas, com a queda no volume de serviço por causa da crise, ele foi demitido. “Eu não esperava o corte. Foi uma surpresa”, diz o estudante, atualmente candidato a uma vaga de emprego temporário.

Ele achava que estava bem no último emprego, onde trabalhava como meio oficial de elétrica e ia completar um ano na empresa. Era um dos mais novos da companhia e esse era o terceiro emprego da sua vida profissional, que começou aos 14 anos de idade como menor aprendiz. “Eles (a empresa) até estavam me pagando um curso para eu mudar de nível”, conta.

Leandro Freitas, de 20 anos, procura vaga temporária na expectativa de que ela vire definitiva Foto: Hélvio Romero|Estadão

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Dez currículos por semana. Agora, Freitas está à procura de uma vaga temporária e distribuiu, sem sucesso, inúmeros currículos. Só na faculdade, ele deixa cerca de dez currículos por semana. “Ninguém me chamou até agora, nem para um primeiro contato. O único lugar que deu algum sinal foi um comércio de peças de eletrodomésticos aqui perto de casa, mesmo assim não deu certeza.”

Depois de cinco meses desempregado e vivendo de “bicos”, o estudante está disposto a trabalhar em qualquer setor no fim do ano. Já deixou currículos em lojas de shopping para ser atendente, mas o sonho é se recolocar na sua área, mas acha difícil. “Queria conseguir um emprego temporário e que virasse definitivo, ainda mais se fosse na minha área, para poder terminar a minha faculdade”, diz.

Urgência. Ele afirma que precisa voltar a trabalhar logo porque tem despesas com estudos e a renda que consegue fazendo “bicos” é insuficiente para cobrir os gastos.

Apesar de ter Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), programa do governo que financia a graduação de estudantes que não têm condições de arcar com os custos, Freitas tem desembolsos com livros, transporte, alimentação e taxas de renovação de matrícula, por exemplo, que somam por mês entre R$ 500 e R$ 600. “Estou devendo R$ 180 de livros para a faculdade”, conta o estudante, relatando que tem colegas, um pouco mais velhos, na mesma situação.

Além das dívidas não pagas com materiais de escola, o estudante renegociou uma pendência no cartão de crédito de R$ 1.200 em parcelas de R$ 20 e mesmo assim não está conseguindo pagar. “Devo ter entre R$ 800 e R$ 900 pendentes no cartão.”

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Salário. Quando estava empregado, ele ganhava R$ 1.200 e tinha carteira de trabalho assinada. Na época, conseguia bancar suas despesas e até ajudar nos gastos da casa. Ele conta que contribuía com R$ 100 a R$ 200 por mês nos gastos com alimentação, mesmo morando na casa dos pais. Sua mãe é auxiliar de enfermagem e o pai tem uma oficina mecânica.

Mas, diante da dificuldade no mercado de trabalho, está disposto até a ganhar menos, cerca de R$ 800. “Do jeito que está, até sem carteira eu toparia trabalhar."

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