O risco de uma guerra comercial entre as principais economias do mundo se reduziu, avalia a BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, com US$ 5,4 trilhões em ativos. Esse movimento pode ser positivo para os ativos dos emergentes, que sofreram com as ameaças comerciais de Donald Trump, afirma o estrategista de investimento, Richard Turnill, em relatório a investidores.
Turnill avalia que o presidente dos Estados Unidos suavizou seu discurso em relação ao Nafta, acordo fechado com Canadá e México, e também em relação à China. Durante a campanha, Trump prometeu renegociar ou mesmo cancelar o tratado e ainda adotar medidas para barrar as importações chinesas.
A mudança de atitude de Trump já teve reflexos nos ativos dos mercados emergentes, com o peso mexicano recuperando as perdas que sofreu após as eleições nos EUA e as ações de vários mercados acumulando altas expressivas, ressalta o relatório. Na campanha, Trump disse repetidas vezes que indústrias dos EUA foram para mercados emergentes, como o México e China, por causa da mão de obra mais barata.
“A vitória de Trump provocou temores entre os emergentes, na medida em que o risco de uma guerra comercial assustava os investidores”, afirma Turnill. Além do discurso mais ameno de Trump, outro fator que ajudou a reduzir o temor de conflitos foi o fato de a Casa Branca não classificar a China como “manipuladora de moeda”.
Este mês, Trump se encontrou com o presidente chinês, Xi Jinping. O encontro, para o estrategista da BlackRock, parece ter sido “produtivo”, dando tempo para os dois países resolverem questões bilaterais. “Em uma mostra de cooperação, a China ofereceu de forma proativa concessões comerciais.”
Apesar da mudança de tom, Turnill destaca que riscos persistem. Ainda preocupam as questões geopolíticas, que incluem a situação na Síria e a tensão na Coreia do Norte. “Mas, no curto prazo, a menor chance de uma guerra comercial é boa notícia para os emergentes, que estão se beneficiando da volta da inflação mundial e da demanda sólida.”