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'Tentam me colocar a pecha de gerar 13 milhões de desempregados', diz Temer

Em evento na Fiesp, Temer reclamou de ser responsabilizado pelo alto índice de desemprego do País; presidente também disse que acredita em acordo entre empresários e caminhoneiros sobre tabelamento do frete

Foto do author Eduardo Laguna
Por Eduardo Laguna (Broadcast) e Mateus Fagundes
Atualização:

O presidente Michel Temer reclamou na tarde desta segunda-feira, 30, de ser responsabilizado pelo alto índice de desemprego do País. "Tentam me colocar a pecha de gerar 13 milhões de desempregados", afirmou, em almoço com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Mas a realidade é que em apenas dois anos fizemos reformas importantes para a economia, coisas que outros governos de quatro, oito anos não conseguiram. Não podemos voltar atrás."

'Tentam me colocar a pecha de gerar 13 milhões de desempregados', disseTemer nesta segunda-feira, 30. Foto: Alan Santos|PR

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Ao lamentar o fato de as mudanças na Previdência não terem sido discutidas no Congresso, Temer comentou sobre a relação com os parlamentares e a aprovação do teto dos gastos e a reforma trabalhista. "Fizemos tudo isso em apenas dois anos. Enfrentei uma oposição radicalíssima", disse

Tabelamento do frete

Temer disse acreditar que deve haver uma convergência das demandas entre empresários e representantes dos caminhoneiros em relação ao tabelamento do frete. O tema deve ser discutido no Supremo Tribunal Federal (STF) no final de agosto.

"Quando chegamos ao acordo com os caminhoneiros no décimo dia da greve, tínhamos convicção de que haveria disputas de natureza judicial. Agora, tenho tido informações de que vai haver uma composição e que vamos chegar a um ponto em relação a esta matéria", comentou o presidente, ao citar a participação da advogada-geral da União, Grace Mendonça, nas negociações com o ministro Luiz Fux, do STF, que relata as ações que questionam a fixação de um valor mínimo para o frete.

"Os próprios caminhoneiros perceberam que haveria problema na questão do tabelamento", afirmou Temer. No evento, ao receber uma lista de demandas do empresariado paulista, Temer comentou que o almoço se tornou "uma reunião de trabalho".

Indústria cobra medidas

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Empresários da indústria aproveitaram a visita do presidente à Fiesp para cobrar medidas como a redução do custo de crédito, um programa de renegociação de dívidas das empresas do setor com bancos e o veto ao tabelamento dos preços de frete rodoviário.

Em discurso proferido em almoço com Temer, o presidente em exercício da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, elogiou a reforma trabalhista e o regime que estabeleceu um teto aos gastos públicos, mas disse que o sistema financeiro e a alta carga tributária do País inibem investimento e, como consequência, prejudicam a geração de emprego e renda. “Se os juros não fossem tão elevados, a arrecadação com impostos de renda seria bem maior”, comentou o executivo.

Roriz cobrou do presidente a retomada dos investimentos em infraestrutura, uma ampla reforma tributária, que reduza o número de tributos e padronize alíquotas no território nacional, e medidas para reduzir custo de credito, classificadas como “cruciais”. Nesse ponto, pediu que o governo estimule a competitividade no setor bancário.

O presidente da Fiesp disse que o setor não precisa de medidas protecionistas, mas cobrou isonomia em relação a países que competem com o Brasil no mercado internacional. Pediu ainda um programa de renegociação de dividas bancárias das empresas para, segundo ele, dar fôlego para a recuperação da indústria.

“As medidas aqui propostas não precisam esperar o próximo governo, e o senhor pode contar com nosso apoio”, afirmou Roriz a Temer.

Jacir Costa, presidente do conselho superior do agronegócio da entidade, defendeu a livre negociação das empresas com seus transportadores, ao pedir o veto à política de preços mínimos de frete, concedida pelo Planalto para encerrar a greve dos caminhoneiros. “O tabelamento afeta a competitividade e encarece o custo de vida”, declarou.

Costa aproveitou ainda para pedir a volta do programa de devolução de impostos pagos por empresas exportadoras, o Reintegra.

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