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Tereza Cristina diz não ver conflito de interesse por manter parceria de sua família com JBS

Indicada para comandar o Ministério da Agricultura, deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) afirmou não sentir desconforto em ter seu nome citado na lista de doações ilegais da JBS

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Por Leonencio Nossa
Atualização:

Indicada para comandar o Ministério da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) disse na manhã desta quinta-feira, 8, não sentir desconforto em ter seu nome citado na lista de doações ilegais da JBS e nem diante de uma parceria comercial de sua família com o grupo empresarial no ramo de confinamento de gado. "Se o presidente me perguntar, estão lá os documentos", afirmou a deputada antes de entrar para reunião com o presidente eleito.

Na entrevista, a parlamentar relatou que sua família tem uma propriedade em Terenos (MS) e que ela é inventariante e possui um quinto da propriedade.

Deputadanão vê conflito de interesse em assumir a pasta da Agricultura e manter negócios com a JBS. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

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"A minha família arrendou (a terra) para um confinamento da JBS, que tem uma propriedade ao lado, isso há anos", disse, acrescentando que não vê conflito de interesse em assumir a pasta da Agricultura e manter negócios com a JBS. "Eu não tive doação direta da JBS, foi por via de dois parlamentares estaduais e eu era candidata a federal. As doações foram legais, tenho tranquilidade. Vou dar tratamento igual para todos. Precisamos de um país transparente".

A uma pergunta sobre se estaria desconfortável com a situação, ela respondeu. "Não. Só se eu fizesse uma coisa escondida. Está tudo dentro da lei. Não vejo problema nisso aí".

Nesta quarta-feira, 7, durante encontros de Bolsonaro com assessores, oficiais da reserva que dão auxílio ao presidente eleito falaram sobre as relações da deputada com o grupo JBS, de Joesley Batista, mas, como a própria deputada lembrou hoje, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e a Confederação Nacional da Agricultura deram apoio à sua indicação.

Setor de carnes está preocupado com posição de Bolsonaro sobre países árabes

A futura ministra da Agricultura de Jair Bolsonaro, também disse nesta quinta-feira, 8, ao chegar ao apartamento do presidente eleito, que o setor exportador de carne bovina tem demonstrado preocupação com declarações de Bolsonaro que desagradaram países árabes, grandes parceiros comerciais. "Eu tenho certeza que nós vamos conversar sobre isso com o presidente. Estou recebendo ligações de pessoas aqui no Brasil preocupadas", disse. "É gente que exporta, da indústria ligada ao setor de carnes, principalmente aquelas com mais problemas com esse mercado árabe", acrescentou.

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A futura ministra disse que precisa entender a posição que o novo governo vai tomar e assim reagir. Ela afirmou que está acompanhando o caso do cancelamento da visita oficial da delegação do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, pelo governo do Egito, em represália a uma fala de Bolsonaro de que pretende transferir a Embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.

Na entrevista, Tereza Cristina disse que ainda pretende saber de Bolsonaro a estrutura que a pasta terá no novo governo e se incluirá as áreas da pesca e agricultura familiar, hoje vinculadas a outros ministérios.

Sobre o início de sua gestão, afirmou que pretende "assentar a poeira e conversar"."Eu não dormi, passei a noite pensando naquilo que vou fazer. Vamos ver o que o presidente quer e saber a cara que o governo terá".

A deputada disse que conversou na quarta-feira, 7, com o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para avaliar "gargalos do setor" e como acionar mais "o motor da agricultura". "É preciso diminuir a indústria de multas, ter normas claras, um ambiente de negócios mais favorável", defendeu.

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A futura ministra também afirmou querer uma boa relação com o Itamaraty e disse que precisa saber também "a cara" do Ministério do Meio Ambiente. Ela falou que a escolha do novo ministro do Meio Ambiente é exclusiva do presidente, não admitindo que o nome passará pelo crivo dela ou do setor do agronegócio.

Perguntada sobre questões ambientais, ela disse que "ter licenças mais ágeis não é perder a segurança ambiental".

Inicialmente, Tereza Cristina evitou comentar declarações de campanha de Jair Bolsonaro de que enviaria projetos ao Congresso para tornar o Movimento dos Trabalhadores sem-terra (MST) em uma organização terrorista. Diante da insistência de jornalistas, no entanto, ela afirmou: "Eu tenho um pouco de dúvidas. Já temos lei para isso (sobre terrorismo). Essa é uma questão do novo ministro (Justiça) Sérgio Moro)".

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