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Tesouro contribui para baixa do dólar

O volume total de compras a ser feito não será de até US$ 3 bi, como havia sido anunciado pelo Tesouro e pelo BC no início do ano, e sim de US$ 1,2 bi.

Por Agencia Estado
Atualização:

De um dia para o outro, o Tesouro passou de fator de alta para fator de baixa para o dólar. O principal combustível para a queda da moeda americana hoje foram as declarações do diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, e do secretário-adjunto do Tesouro, Rubens Sardenberg, sobre as compras de dólar do Tesouro previstas para este ano. Eles avisaram que o volume total de compras a ser feito não será de até US$ 3 bi, como havia sido anunciado pelo Tesouro e pelo BC no início do ano, e sim de US$ 1,2 bi. Desse total, US$ 260 mi já teriam sido adquiridos em janeiro e estima-se que outros US$ 59 mi foram comprados nestes primeiros dias de fevereiro. Os dirigentes do BC e do Tesouro afirmaram que a compra média mensal ficará em US$ 84 mi. Segundo o BC, as compras do Tesouro de até US$ 3 bi no ano estavam causando "especulação" no mercado. O dólar já amanheceu sinalizando tendência de queda no mercado eletrônico da BM&F, depois de dois dias mantendo-se firme acima de R$ 2. E esse comportamento, porém, só foi potencializado pouco depois das 9 horas, na abertura do mercado à vista, quando saíram as declarações do Tesouro e do BC. Nesta manhã, os analistas avaliaram que a cotação da moeda norte-americana saiu do pico em que se manteve nos últimos dias e deve permanecer abaixo de R$ 2 daqui para a frente. A desvalorização do dólar frente ao real chegou a 0,50%, na mínima do dia, e no final da manhã ficou em 0,45%, com cotação de venda em R$ 1,9960. O esclarecimento sobre as compras do Tesouro, elogiado pelos especialistas pela transparência, não é a causa isolada do recuo do dólar hoje. Antes mesmo da entrevista, os analistas já esperavam alívio nas cotações e citavam outras variáveis. Um dos motivos de tranquilidade que já tinha influenciado nos negócios do pregão eletrônico da BM&F, no final da tarde de ontem, foi o resultado do IGP-M, que mostrou deflação de 0,05%. Isso mantém parte do mercado acreditando em novo corte na Selic na reunião do Copom marcada para os próximos dias 13 e 14. Além disto, também afetou positivamente o mercado o anúncio feito ontem pelo BC de rolagem integral das NBC-E que vencem neste mês, embora o prazo tenha sido alongado. O mercado também está avaliando de maneira positiva o andamento dos trabalhos do Congresso ontem. Para o diretor de fundos do BNL, Cláudio Lellis, existe ainda uma perspectiva de alívio no fluxo de recursos, que foi fortemente negativo nos últimos tempos. Ele cita que há informações no mercado de que várias captações externas de empresas estão sendo preparadas, ou estão em andamento. Pelo menos durante esta manhã, o mercado apostou firme na idéia de que o dólar não voltará a ultrapassar R$ 2, no curto prazo. O consultor Nathan Blanche, da consultoria Tendências, aprovou as declarações dos diretores do Tesouro e do Banco Central hoje sobre as compras do Tesouro no mercado de dólar. No entanto, Nathan não vê espaço para uma forte e prolongada baixa da moeda americana. Para ele, as compras do Tesouro amenizaram apenas um dos fatores de alta do dólar, pois outros aspectos também vinham gerando pressão cambial. Entre eles, Nathan cita a própria queda dos juros internos, que estaria estimulando empresas a captarem mais recursos no mercado interno e menos no exterior. "As captações com debêntures aumentaram muito e tem empresa ´swapando´ dívida em dólar para real", comentou.

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