PUBLICIDADE

Publicidade

Tesouro Direto já paga juro de até 18%

Compra de títulos públicos pela pessoa física é direta e tem limite

Por Sergio Gobetti e BRASÍLIA
Atualização:

A crise financeira e a disparada da taxa futura de juros abriu uma janela de oportunidade para os investidores no Tesouro Direto, em que pessoas físicas compram títulos públicos diretamente do governo. Em uma semana, a rentabilidade dos títulos prefixados de longo prazo subiu quase três pontos porcentuais, superando os 18% ao ano na segunda-feira. Apesar de muito acima da Selic (13,75%), o governo não está tendo prejuízo, pelo menos por enquanto, porque tem resgatado mais títulos do emitido. Nos leilões de sexta-feira, por exemplo, o Tesouro recomprou 669.500 títulos com vencimento em 2017 por R$ 693,45 a unidade e revendeu 142.600 títulos por R$ 701,16 cada. Em março, cada título valia quase R$ 900. Ou seja, em pouco mais de seis meses se desvalorizaram em mais de 20%. A contrapartida da queda no preço é o aumento da taxa de juros paga pelo título, que subiu de 12,37% para 18,76% ao ano nas operações do Tesouro Direto. Técnicos do Ministério da Fazenda atribuem a queda no preço dos títulos ao stress do mercado e, principalmente, ao movimento de resgate dos investidores estrangeiros. Primeiro, eles retiraram o dinheiro das bolsas de valores e agora começaram a vender títulos públicos, fazendo o preço despencar. Por isso, bancos e investidores nacionais passaram a exigir uma taxa de juros mais alta para comprar os mesmos títulos. Como o governo dispõe de um considerável colchão de liquidez (dinheiro em caixa), pode reduzir as emissões de papéis para o mínimo necessário. "Nunca estivemos tão bem para enfrentar a crise e estamos usando essa flexibilidade agora", disse o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Paulo Valle. "O que fizemos nos leilões foi compra e venda de títulos e, em todos os casos, recompramos por um preço melhor do que emitimos", garantiu o secretário, Arno Augustin. Segundo Augustin, os leilões também têm o objetivo de mostrar ao mercado que as taxas estão artificialmente elevadas e devem cair. "É para colocar o mercado em parâmetros corretos", disse. No caso do Tesouro Direto, entretanto, os negócios estão liberados, desde que respeitado o limite individual da pessoa física, de R$ 400 mil mensais. Aí, quem comprou ontem ou anteontem título NTN-F com vencimento em janeiro de 2017 tem assegurada rentabilidade acima de 18% pelos próximos oito anos - bom negócio para ele e mau negócio para o Tesouro. Ou seja, quem aplicou R$ 100 mil vai receber cerca de R$ 380 mil em 1º de janeiro de 2017. A tendência, entretanto, é que essas taxas sejam reduzidas nos próximos dias. Ontem, por exemplo, a rentabilidade dos títulos prefixados já havia caído mais de 0,5 ponto porcentual.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.