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Tesouro negocia saída para bancar dívida de distribuidoras

Valor previsto no Orçamento não serásuficiente para custear todas as despesas com redução da conta de luz

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes e Anne Warth
Atualização:

BRASÍLIA - O Tesouro Nacional começou a negociar com as distribuidoras uma saída alternativa para pagar os atrasados e regularizar seus repasses às empresas. Os R$ 9 bilhões prometidos para a Conta de Desenvolvimento Enérgico (CDE), previstos no Orçamento de 2014, não serão suficientes para bancar todas as despesas que o Tesouro assumiu desde o programa de redução da conta de luz. Para arcar com todos os subsídios tarifários, as empresas calculam que vão precisar de mais R$ 4 bilhões até o fim do ano. A CDE é o fundo setorial do setor que bancou a redução da conta de luz em 2013 e parte do custo adicional provocado pela falta de chuva e o acionamento das usinas termelétricas, que geram uma energia mais cara. Em um momento de dificuldades e déficit das contas públicas, o Tesouro busca receitas extraordinárias e ativos da própria CDE para evitar um aporte maior de despesas orçamentárias. Uma fonte da equipe econômica informou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que, eventualmente, os recursos que faltarem serão compensados com dinheiro do Orçamento. "A CDE tem um conjunto grande de receitas e de fluxo de ativos que será utilizado. É possível compatibilizar o que tem para pagar com o fluxo existente", disse a fonte, sob condição de anonimato. Segundo a fonte do Ministério da Fazenda, essas receitas são semelhantes às obtidas com a operação feita este ano pela Celg. A empresa tomou um empréstimo na Caixa de R$ 1,9 bilhão, do qual R$ 1,2 bilhão foi usado para quitar dívidas com os fundos do setor elétrico, principalmente a CDE.Preocupações. O secretário do Tesouro, Arno Augustin, se reuniu, na sexta-feira passada, com representantes das distribuidoras e procurou tranquilizá-los com a mensagem de que o governo não deixará as empresas na mão, pagando a "totalidade" do que elas estimam ser necessário até o fim do ano. Além dos problemas com o cronograma de desembolsos para a CDE até o fim do ano, as empresas manifestaram preocupação com questões regulatórias que referem aos seus balanços. O secretário Augustin disse que tinha condições de manter os pagamentos previstos. No pacote de socorro às distribuidoras, anunciado em março, o governo prometeu um aporte adicional de R$ 4 bilhões de recursos orçamentários, além dos R$ 9 bilhões previstos. Mas, em setembro, essa aporte foi retirado do planejamento orçamentário, o que causou apreensão no setor. Itaipu. Por enquanto, o Tesouro deixou em banho-maria a proposta de voltar a vender antecipadamente recebíveis de Itaipu para reforçar o caixa do governo. O vazamento pelo Broadcast, na semana passada, de que essa medida poderia ser acionada, provocou estresse no Ministério da Fazenda porque essa antecipação é polêmica e vista pelos economistas como um tipo de contabilidade criativa para aumentar as receitas. A proposta foi combatida, mas não está descartada para o futuro. O governo já vendeu no ano passado parte desses recebíveis. A legislação permite ao governo repassar à CDE recursos até o limite de recebíveis de Itaipu, que são da União e da Eletrobrás. O Tesouro tem direito a metade dos recebíveis - cerca de US$ 6 bilhões.

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