Tesouro: queda dos juros exige ajuste na poupança

A continuidade da queda dos juros exige algum ajuste na remuneração da caderneta de poupança, segundo afirmou o secretário adjunto do Tesouro Nacional, Paulo Valle, após participar do 3º Seminário Internacional de Renda Fixa, organizado pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima) e da Câmara de Custódia e Liquidação (Cetip). Ele evitou, no entanto, fornecer detalhes a respeito da possibilidade de mudanças. "O ministro (da Fazenda, Guido Mantega) já se pronunciou a respeito do assunto. O presidente do Banco Central (Henrique Meirelles) e o da República (Luiz Inácio Lula da Silva) também, mas ainda não há nada definido", disse.Valle ressaltou que houve queda na participação dos estrangeiros no total da dívida doméstica, mas tais investidores nunca saíram totalmente do mercado. Em números brutos, ele afirmou que essa participação chegou a 7%, caiu a 6% em outubro e hoje está em 6,5%. "Este movimento de melhora continua. Gradualmente, está voltando a participação dos estrangeiros", comentou. Superávit primárioValle informou que o relatório bimestral de avaliação fiscal será divulgado até amanhã. Segundo ele, o documento está sendo elaborado pelos ministérios do Planejamento e Fazenda em conjunto com o Tesouro Nacional. Valle evitou, no entanto, tecer comentários a respeito de uma possível redução da meta de superávit primário de 3,8%. "O Brasil já vem mostrando há dez anos que tem comprometimento com a área fiscal. As metas serão anunciadas", limitou-se a dizer.Sobre a possibilidade de novas emissões no mercado externo, Valle avaliou que há apetite por títulos soberanos. "A gente consegue, há liquidez, mas não estamos precisando acessar o mercado, pois temos caixa e dólares comprados", afirmou. Valle ressaltou que o objetivo da instituição é acessar o mercado apenas para realizar operações qualitativas, que tragam melhora para o perfil da dívida. "Existe essa possibilidade, mas só queremos fazer com melhores condições."