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Tesouro resgata títulos e dívida cai para R$ 1,2 tri

Resultado de julho mostra redução de R$ 42,88 bilhões no endividamento, que ficou R$ 20 bilhões abaixo do saldo de dezembro de 2007

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Por Adriana Fernandes e Fernando Nakagawa
Atualização:

O governo aproveitou a maior disponibilidade de dinheiro em caixa para resgatar títulos do mercado e reduzir o estoque da dívida pública. O Tesouro Nacional fez um "megarresgate" de títulos em julho e conseguiu reduzir em R$ 42,88 bilhões o endividamento. Com isso, o estoque da dívida interna em títulos públicos caiu no mês para R$ 1,2 trilhão, ficando R$ 20 bilhões abaixo do saldo de dezembro de 2007. Com esse movimento, o Tesouro evitou ainda atender as expectativas do mercado financeiro, que, diante da instabilidade financeira com a crise americana e da alta dos juros no Brasil, vem pedindo taxas mais elevadas para refinanciar a dívida. O resgate líquido de títulos chegou a R$ 57,5 bilhões em julho. Essa é a quantidade de papéis que o Tesouro resgatou a mais do que emitiu. Foi o maior resgate já feito pelo Tesouro num único mês. No ano, o total resgatado já chega a R$ 109 bilhões. Nos últimos anos, a estratégia do Tesouro vinha sendo pagar os títulos que estavam vencendo com a emissão de papéis. Na maior parte dos meses, o Tesouro fazia uma emissão maior do que o necessário para formar uma reserva de dinheiro - chamada de colchão de liquidez - a ser utilizada em momentos de maior volatilidade. Agora, com a crise mundial, que fez os investidores cobrarem prêmios mais elevados para comprar títulos prefixados, o Tesouro resolveu resgatar mais do que o previsto. Para isso, está utilizando os recursos do superávit primário das contas do governo federal. PERFIL Apesar da queda da dívida em julho, o perfil piorou. A parcela da dívida atrelada a títulos prefixados (considerados de menor risco às oscilações de mercado) caiu ao menor nível desde julho de 2006, atingindo 30,88% do total. Em junho, era de 34,77%. Já a participação de papéis corrigidos pela taxa Selic aumentou de 34,46% para 36,82% - o maior nível desde abril de 2007. Papéis corrigidos pela Selic são os preferidos em momentos de maior volatilidade. Com a inflação em alta, a parcela de títulos atrelados a índices de preços subiu para 29,47%. Esse é o maior nível da série histórica do Tesouro, iniciada em 1999. A queda da dívida só não foi maior porque em julho o impacto dos juros no estoque foi de R$ 14,6 bilhões. No ano, o impacto já soma R$ 89,38 bilhões, e vai aumentar com a elevação da taxa de juros pelo BC.

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