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Teto da meta de inflação para 2003 é inviável, diz economista

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da LCA Consultores e economista da Unicamp, Luciano Coutinho, disse, nesta quarta-feira que o teto da meta inflacionária para o ano que vem (4%, com margem de variação de 2,5 pontos porcentuais para cima ou para baixo) é inviável, embora considere o regime de metas fundamental. Coutinho, que participou do seminário "Os Desafios da Economia Brasileira para os Próximos Quadro Anos", na sede da Serasa, em São Paulo, considera que uma eventual decisão de rever a meta para 2003 deveria ser deixada para março do próximo ano, quando deverá haver menor pressão cambial sobre os preços com o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que o Brasil não pode ser tolerante com a inflação ascendente e é "preciso estancar com firmeza para evitar que uma tentativa desestabilizadora domine e produza um explosão inflacionária". Coutinho ressalta que a renda da sociedade está impedindo o repasse completo para os preços finais. "A nova política econômica deve evitar a volta da inflação", disse. Sem choque de juros Questionado sobre se seria importante um choque de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o economista disse que o BC deve calibrar as taxas e evitar o descontrole da taxa de câmbio, mas sem choques. De acordo com ele, o ponto principal é ganhar credibilidade para controlar o câmbio. "A causa da inflação é o descontrole da taxa cambial", disse. Para ele, o dólar poderá ficar abaixo de R$ 3,40 no próximo ano. Coutinho afirmou ser contrário a choques, mas disse que não se deve deixar que a expectativa de juros fique "frouxa". Para isso, segundo ele, é preciso moderar os ajustes nas tarifas públicas. Coutinho observou que no setor elétrico é possível uma margem de negociação contratual. Ele disse que, no caso da Petrobras, tudo vai depender dos preços internacionais e, dependendo da evolução do conflito entre os Estados Unidos e o Iraque, as cotações médias poderão até cair em relação a 2002. O consultor disse que "é preciso conciliar os contratos com os interesses da sociedade brasileira." Quanto aos títulos cambiais que vencem em 2003, ele disse que há preocupação, mas o crédito internacional está voltando e o novo governo promete um choque de credibilidade, colocando a taxa de câmbio sob controle. Coutinho negou que tenha sido convidado por Lula para a presidência do BNDES.

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