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TGV não divulga investidores, mas pede dinheiro ao BNDES

A intenção é levantar cerca de US$ 150 milhões para manter a companhia operando e também recursos que permitam a recuperação das 16 aeronaves paradas por falta de manutenção

Por Agencia Estado
Atualização:

O coordenador dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), Marcio Marsillac, esclareceu hoje que o sinal de US$ 75 milhões que será pago até sexta-feira para efetivar a compra da Varig será aportado pelos investidores que integram o consórcio Nova Varig (NV). Ele não quis revelar os nomes dos novos sócios e afirmou que, durante uma reunião hoje com técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi solicitado um financiamento para capital de giro. A intenção é levantar cerca de US$ 150 milhões para manter a companhia operando e também recursos que permitam a recuperação das 16 aeronaves paradas por falta de manutenção. Atualmente, existem apenas 25 aviões da Varig em operação e 36 paradas. Desses, 16 estão em solo por falta de manutenção e 20 por causa de decisões judiciais. Ontem, o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, homologou a compra da Varig pelo TGV. Na verdade, este foi um ultimato da Justiça para que a NV, criada para representar o TGV no leilão da companhia, consolide a operação. Isso porque, até sexta-feira, o TGV deverá depositar a primeira parcela, de US$ 75 milhões (cerca de R$ 169 milhões) para efetivar a compra. Caso contrário, será imediatamente programado um novo leilão. Marsillac já havia afirmado ontem que, se não houver tempo hábil para que os investidores que fazem parte do consórcio NV liberem os recursos necessários para o pagamento do sinal de US$ 75 milhões até sexta-feira, haveria também negociação com o BNDES para um empréstimo-ponte com o BNDES. Arresto de aeronaves Marsillac destacou ainda que o destino da Varig depende da decisão de amanhã da Justiça norte-americana. O juiz Robert Drain, da Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York, decidirá se estende por mais tempo a proteção contra o arresto de aeronaves. Segundo Marsillac, é muito preocupante o fato da compra da companhia ter sido homologada ontem e amanhã correr o risco de ter 25 jatos arrestados. Ele revelou também que está em contato com a BR distribuidora para ampliar o prazo dos contratos e garantir o fornecimento de combustível. "As estatais e as empresas de leasing precisam entender que a NV Participações não tem como manter a empresa de pé se não for dado um tempo mínimo para que se possa agir dentro da Varig." Representantes da TGV e da atual administração da Varig estão reunidos desde a manhã de hoje na sede da empresa, no Rio de Janeiro, discutindo questões operacionais e a implementação de um plano de contingência para manter a Varig em funcionamento. Segundo Marsillac, os vôos internacionais terão preferência. "Vamos priorizar rotas rentáveis e que justifiquem a Varig continuar operando." Cancelamento de vôos O mais recente balanço dos vôos cancelados pela Varig, em São Paulo, mostra que a companhia aérea promoveu 21 cancelamentos até as 12 horas desta terça-feira, um dia após ter sua venda homologada pela Justiça. Segundo apurou a Rádio Eldorado, foram 12 vôos domésticos cancelados no Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, e 9, entre nacionais e internacionais, no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. No aeroporto da capital paulista, os passageiros demoram até 5 horas para conseguir a realocação entre outra companhia aérea. Os guichês da Varig estão praticamente vazios. No Rio de Janeiro, segundo a assessoria de imprensa da Infraero, foram 17 cancelamentos até às 11 horas, sendo nove de vôos nacionais e quatro internacionais, no Aeroporto Internacional Galeão/Tom Jobim, e quatro vôos da ponte aérea Rio-São Paulo, no Aeroporto Santos Dumont. No total, foram 38 vôos cancelados no Rio e em São Paulo. A assessoria de imprensa da companhia, situada no Rio de Janeiro, informou que não vai se pronunciar sobre o assunto. Em Congonhas, a assessoria da Infraero também evitou se posicionar sobre os cancelamentos da Varig, que não estão sendo avisados por telefone, mas somente nos painéis de informação. Extra-oficialmente, a alegação para os cancelamentos é a falta de combustível e outros entraves burocráticos.

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