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Títulos da dívida crescem 3,12% e risco país cai

Por Agencia Estado
Atualização:

Os títulos da dívida externa brasileira subiram hoje pelo quarto dia seguido, com conseqüente queda no risco Brasil. O C-Bond, o título da dívida mais negociado, cujos juros são o principal componente do risco país, fechou em alta de 3,12%, cotado a 53,6% do valor de face. Com isso, o risco Brasil - medido pelo índice EMBI, do JP Morgan que acompanha o rendimento de uma cesta de títulos - caiu 5,7% só hoje, para 2.031 pontos. Desde sexta-feira passada, quando os C-Bonds atingiram 48,4% do valor de face, o menor nível desde 1995, os papéis já tiveram uma valorização de 10,9%. Mas os títulos ainda acumulam queda de 35,4% desde o pico deste ano, de 83% do valor de face, atingido em 18 de março. Na época, o risco Brasil estava em torno de 700 pontos, quase um terço do nível atual. Alguns analistas atribuíram a melhora do mercado a uma possibilidade maior de haver segundo turno nas eleições presidenciais, depois que o candidato governista, José Serra (PSDB), subiu nas pesquisas de intenção de voto, enquanto os demais permaneceram estagnados ou caíram. "Enquanto houver possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer no primeiro turno, a chance de Serra ganhar as eleições é zero. Se houver segundo turno, pelo menos a chance passa a ser maior que zero", disse um analista. O fator político conta, mas a recente alta dos títulos pode mais ter causas técnicas do que realmente significar um renascimento do otimismo do investidor estrangeiro com o Brasil. Segundo o vice-presidente da área de mercados emergentes do JP Morgan em Nova York, Dráusio Giacomelli, mesmo um investidor que esteja apostando contra o Brasil tende a comprar títulos para diminuir o risco de sua aposta às vésperas das eleições. Outros profissionais de Wall Street confirmaram ter percebido fundos de hedge, os mais agressivos do mundo, comprando títulos brasileiros, possivelmente desmontando uma operação conhecida como venda a descoberto: quando um investidor aluga títulos para vender, apostando que os preços vão cair, para poder recomprar os papéis a cotações menores, embolsando a diferença na hora de devolver o título. Se, por algum motivo, ele resolve desmontar a operação, tem de comprar o título e acaba ajudando a elevar as cotações. O mercado está trabalhando com cenários opostos, dependendo do resultado das urnas neste domingo: "Se Lula ganhar no primeiro turno, tende a haver turbulência logo em seguida, mas ela pode diminuir conforme o futuro governo anuncie nomes e medidas. Se houver segundo turno com Serra, o mercado deve ficar otimista, mas depois oscilar ao sabor dos eventos políticos e pesquisas eleitorais", disse um analista. Alguns profissionais do mercado disseram que o Banco Central vem comprando títulos no últimos dias. Nos últimos meses o BC já comprou US$ 2,5 bilhões em títulos, dos US$ 3 bilhões que separou para intervir nas cotações e aproveitar o preço baixo para resgatar dívida externa. Nesse mercado, a atuação do BC influi muito nas cotações, já que os US$ 3 bilhões representam 10% do total de títulos que compõem o EMBI, diz Giacomelli.

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