Publicidade

TJLP pode cair mais na reunião do CMN, diz Mantega

"Os juros continuarão caindo, e temos condição de continuar a reduzir essa relação", afirmou o ministro da Fazenda

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira, que dentro da política de redução das taxas básicas de juros e de spread conduzida pelo governo, a TJLP poderá baixar ainda mais na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que acontece nesta quarta-feira. Em almoço com empresários, Mantega afirmou que é natural que as despesas de governo cresçam um pouco em ano eleitoral, mas garantiu que a situação fiscal está sob controle e que o governo busca reduzir os gastos para manter a diminuição gradual da relação dívida/PIB. "Os juros continuarão caindo, e temos condição de continuar a reduzir essa relação". O comentário do ministro foi feito em referência ao corte de R$ 1,6 bilhão que o governo anunciou na segunda-feira no relatório enviado ao Congresso para cumprimento da meta de superávit primário de 4,25%. Mantega questionou o resultado do Índice de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, em que o Brasil perde nove posições em relação à pesquisa anterior. Mantega disse que não viu o cenário traçado pelo levantamento, mas afirmou que tem conversado com investidores estrangeiros, inclusive na semana passada, em Cingapura (durante reunião do FMI) e todos têm o melhor conceito sobre o Brasil. De acordo com o ministro, os investidores consideram a economia brasileira sólida e crescente, e favorecendo o investimento externo. "Há uma discrepância entre a avaliação do Fórum e o que o mercado entende do Brasil", afirmou. Mantega reiterou que as agências de classificação têm melhorado a avaliação do Brasil, e que somente neste ano, três das maiores dessas instituições melhoraram a avaliação brasileira. "O Brasil nunca foi tão bem avaliado, portanto, não sei de onde o fórum tirou esses dados", disse, logo após almoço com empresários promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais. Desafios Mantega afirmou que um dos principais desafios do próximo governo é garantir a manutenção dos fundamentos econômicos, entre os quais a inflação baixa. Na avaliação do ministro, a política monetária não precisa mais ser tão rígida quanto foi no período em que era necessário reduzir a inflação de 12% para 6%. "Agora, precisamos de uma política monetária de manutenção, que vai permitir um maior crescimento", afirmou. Questionado então sobre se já não seria hora de o governo flexibilizar a política monetária para permitir um maior crescimento, o ministro ressaltou: "a política econômica já está flexibilizada há mais de um ano". Outro desafio do próximo governo, segundo Mantega, é ampliar a taxa de investimentos. Segundo ele, a meta para a próxima administração é elevar a formação bruta de capital fixo para um a taxa acima de 20% do Produto Interno Bruto. "Algo como 24%, 25% do PIB seria bom", ressaltou. O ministro destacou que o País em geral e os empresários particular precisam se acostumar com o câmbio valorizado. Ele argumentou que é comum essa valorização acontecer com países emergentes que se dão bem no comércio exterior, como é o caso do Brasil. "Hoje, o Brasil reúne condições adequadas para dar um salto de crescimento. Nunca tivemos condições tão favoráveis", ressaltou. Mantega destacou ainda que o governo pretende continuar reduzindo tributos, o que não implicará queda na arrecadação porque, segundo ele, a economia continuará crescendo, a inflação se manterá em queda e isso permitirá queda dos impostos. "A curva de tributos está descendente, porque estamos cientes de que nossos custos de produção precisam ser semelhantes aos dos nossos concorrentes internacionais", disse. "Enganados" Mantega atribuiu a melhora do superávit do Governo Central em agosto, que ficou muito acima do teto das previsões, ao comportamento da receita e do gasto público no mês - esse último, concentrado no primeiro semestre por conta da lei eleitoral. "O que posso fazer se estamos tendo certa eficiência no gasto público?", afirmou o ministro, ao explicar a razão do aumento para R$ 6,427 bilhões o superávit de agosto, ante R$ 3,10 bilhões em julho. O ministro rebateu críticas de que não seria possível atingir a meta de superávit primário para este ano. "Gostaria que aqueles que diziam que não íamos fazer o superávit, ou estávamos gastando demais, se manifestassem agora", provocou Mantega, reiterando que o resultado de agosto foi muito melhor do que o que esses mesmos críticos esperavam. Para Mantega, "as pessoas que antes criticavam deveriam agora dizer ´estávamos enganados e eles estão fazendo tudo direitinho. O superávit está sendo cumprido´". O ministro enfatizou que se referia ao resultado do Governo Central, uma vez que os dados do setor público consolidado referentes a agosto só serão divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central. IEDI O ministro ouviu de empresários do Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial (IEDI) o pedido para que o Conselho Monetário Nacional reduza nesta quarta a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) dos atuais 7,5% para 5,5%. Ao comentar a proposta, Mantega disse apenas que a considera "ousada". O ministro também ouviu, segundo suas próprias palavras, que o câmbio é hoje o principal problema dos empresários. Ele afirmou, no entanto, que a moeda "parou de se valorizar sistematicamente", e que há meses se mantém num patamar entre R$ 2,10 e R$ 2,20, o que ele considera estabilidade. Mantega afirmou ainda que é intenção do governo continuar a comprar dólares para evitar uma valorização ainda maior do real, e que Brasília pretende continuar a compensar as eventuais perdas dos empresários com o câmbio por meio da continuação da desoneração dos investimentos. Ele não quis detalhar, mas afirmou que novas medidas para diminuir os custos de produção serão anunciadas em breve. O IEDI é presidido por Josué Christiano Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do vice-presidente José Alencar. Matéria alterada às 19h31 para acréscimo de informações

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.