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Toda atenção à baixa renda

Por Celso Petrucci
Atualização:

Os agentes financeiros, inclusive a Caixa Econômica Federal, buscam novas fórmulas para financiar a produção e a comercialização de imóveis de padrão econômico. No mercado imobiliário há lançamentos com prazos de até 400 meses para pagar, facilitando o acesso dos produtos imobiliários no bolso da população de mais baixa renda. Isso demonstra que a demanda de financiamento para as classes média e média baixa vem crescendo e que a confiança do consumidor de crédito imobiliário aumenta conforme a confiabilidade no ambiente macroeconômico do País. Hoje, temos mais emprego formal, baixas taxas de desemprego, crescimento da renda média mensal e inflação sob controle, ingredientes fundamentais para decisões por financiamentos de longo prazo. Exemplo da crença neste mercado de mais baixa renda pode ser extraído dos resultados e das projeções de empresa que se capitalizou com o lançamento de suas ações na Bovespa. A MRV Engenharia, uma das maiores produtoras de imóveis econômicos do Brasil, pretende lançar mais de R$ 2,5 bilhões em 2008, o que representará aproximadamente 25 mil unidades. Crescimento considerável, pois, em 2007, a empresa lançou R$ 1,3 bilhão em mais de 12 mil unidades postas no mercado. Porém, ainda é pouco se imaginarmos que, em 28 de fevereiro deste ano, o banco de terras da empresa apresentava potencial para desenvolver e construir 277 empreendimentos, com aproximadamente 112 mil unidades e valor de R$ 10,4 bilhões. BANCO DE TERRAS A Cyrela Brasil Realty (CBR), uma das maiores incorporadoras, que no ano passado lançou 77 empreendimentos com valor de venda de R$ 5,39 bilhões e projeta o lançamento de R$ 7 bilhões para este ano, lançou em 2007, 12 empreendimentos voltados aos segmentos econômicos e supereconômicos. Seu banco de terras contabilizava, em dezembro, 168 áreas com VGV potencial de R$ 22,098 bilhões. Deste estoque de terrenos, 75 são voltados para esses segmentos, que antes pouco ou nada representavam na política e nos resultados da companhia. Não há dúvidas: da Cyrela à Tenda, da Gafisa à Rodobens, todas optaram pela produção de imóveis de padrão econômico e, mais do que isso, adquiriram, sem medo de errar, terras para acelerar o crescimento de seus lançamentos neste segmento em 2008 e nos anos subseqüentes. A iniciativa privada está fazendo sua parte e tem disposição para solucionar o déficit habitacional estimado em 8 milhões de unidades habitacionais, conforme dados de 2006 da GV Projetos, com base em estudo da Fundação João Pinheiro. Favelas, cortiços e moradias improvisadas correspondem a 3,7 milhões de unidades. Coabitação, a 4,2 milhões. Os tempos são novos, mas parece que o governo federal ainda não percebeu essas mudanças. O Estado precisa se manifestar quanto à sua política de atendimento às famílias com renda acima de cinco salários mínimos e, também, daquelas que estão abaixo dessa linha de corte. É certo que, com a desconcentração dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para habitação, mais famílias terão acesso a imóveis com valores de até R$ 130 mil. Após o movimento natural de ajustes de suas atividades, a fim de acompanhar o crescimento e a retomada de um setor que ficou estagnado por quase duas décadas, as empresas estão expandindo seus negócios para atender aos segmentos sociais até então esquecidos - classes média e média baixa. *Celso Petrucci é economista-chefe e diretor-executivo da vice-presidência de Incorporação do Secovi-SP e membro titular do Conselho Curador do FGTS

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