O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse nesta quinta-feira não acreditar em suspensão no abastecimento de gás boliviano. Em rápida entrevista após sua palestra na Rio Oil & Gás, ele destacou que as questões em negociação atualmente referem-se à remuneração da Petrobras, mas que a interrupção do abastecimento não está em discussão. Na palestra, Tolmasquim apresentou o primeiro balanço de oferta e demanda de gás elaborado pela EPE, em que reconhece que a relação está "apertada" em 2007 e 2008. Mas, segundo ele, haverá um equilíbrio maior em 2009, com a entrada do gás natural liquefeito e, a partir de 2011, o Brasil passa a ter excedente de oferta do combustível. Segundo as simulações da EPE, o País estará consumindo 138 milhões de metros cúbicos por dia em 2015, volume que será suprido com folga por novas descobertas no Brasil, além das reservas existentes e das importações da Bolívia, Argentina e de GNL. A simulação levou em conta um preço de gás a 85% da cotação do óleo combustível - atualmente, essa relação é de 56%. A redução da diferença deve frear o crescimento do consumo, principalmente no setor industrial. Usinas Tolmasquim afirmou que o governo deve indexar os reajustes das usinas térmicas ao preço do gás no mercado americano. A medida está em estudo no Ministério da Fazenda, mas Tolmasquim disse que é "muito provável" que seja atendida. Atualmente os contratos de geração de energia são indexados ao IPCA, mas os investidores em térmicas reclamavam do descompasso entre o índice de inflação e o custo do combustível, que varia muito durante o ano. O governo relutava em aceitar o pleito por conta da lei do Real, que permite apenas um reajuste por ano. Tolmasquim não explicou como essa questão será resolvida.