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Tolmasquim diz que energia não afetará crescimento

Por AE
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"Nós estamos em uma situação muito diferente de 2001." Esta afirmação foi repetida como um mantra, ao longo do dia, pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Ele procurava afastar o temor de um possível apagão, hipótese levantada por avaliações conflitantes do próprio governo. Em entrevista ao programa Conta Corrente, da Globo News, ele afirmou que, diferentemente da última crise, agora o País conta com uma interligação maior entre os sistemas de transmissão e há a disponibilidade de energia de termelétricas que pode ser usada em caso de necessidade. Tomalsquim disse ainda que, em princípio, não haverá disputa de gás natural para uso industrial ou veicular e para geração de energia elétrica. Mas informou qual será prioridade se for preciso acionar todas as usinas movidas a gás. "Se for necessário, o governo não vai pestanejar: não haverá falta de energia elétrica". Ele explicou que em 2001 havia energia sobrando no Sul do Brasil e não se conseguia transmitir para o Sudeste porque faltavam linhas de transmissão. Além disso, foram construídas linhas interligando os sistemas do Sudeste e Nordeste. "Hoje nós temos um Brasil mais integrado, em que uma região coopera com a outra", sustentou. Termelétricas Em relação às termelétricas, ele explicou que para não precisar restringir o fornecimento de gás natural em outros setores e que o governo deverá acionar, inicialmente, apenas as usinas movidas a óleo combustível. "Nossa meta é passar por este período de chuva ruim sem precisar afetar os outros setores da economia." Bicombustível Mas mesmo na hipótese de ter que acionar todas as usinas movidas a gás natural, o que certamente provocaria racionamento de gás em outras áreas, Tolmasquim observa que há indústrias preparadas para uso de outro combustível além do gás, como também ocorre com os veículos movidos a gás natural veicular. Ele lembrou que as chuvas estão abaixo da média para o período, mas que a situação ainda pode mudar até o final do período chuvoso, que se estende até o mês de abril. "Tanto pode ter uma recuperação, chover muito agora e terminar abril num nível adequado, como a gente pode continuar tendo muito poucas chuvas", explicou. "Por isso nós estamos acionando, por precaução, as térmicas." Oferta e demanda Ao ser questionado se o sistema hidrelétrico brasileiro já teve uma margem maior de segurança para enfrentar períodos de estiagem, Maurício Tolmasquim concordou: "No Brasil, a gente sempre teve reservatórios muito grandes nas hidrelétricas que garantiam que a gente pudesse passar 3 ou 4 anos com o próprio reservatório independente da chuva", ponderou. Mas, por questões ambientais, os reservatórios foram diminuindo de tamanho e hoje seria impossível aprovar a construção de reservatórios grandes como no passado. "As usinas são praticamente sem reservatórios, e aí o País fica mais vulnerável às questões hidrológicas". E justificou: "Por isso que nós temos que ter mais térmicas para completar essas hídricas."

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