Top Imobiliário 2021: Tenda aposta em inovação para ganhar mercado

Empresa troca aço por fibra de vidro em obras de prédios baixos

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Por Leonardo Pessoa
Atualização:
3 min de leitura

Uma das maiores empresas voltadas ao segmento popular, com mais de um terço de seus negócios localizados na cidade de São Paulo e Região Metropolitana, a Tenda quer se transformar numa construtech, com inovações tecnológicas como grande diferencial competitivo. A empresa já trilha esse caminho, com fábrica off-site, que produz casas fora do canteiro de obras, adoção de fibra e adoção de ferramentais digitais. 

Na zona sul. Viva Marajoara está 100% vendido;são três blocos que somam 456 unidades de 44,18 m2² Foto: Plano & Plano

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Dados divulgados pela Tenda mostram que ela lançou 5.898 unidades em 2020 na capital e Região Metropolitana, uma alta de 6,5% em relação ao ano anterior. A área passou a representar 37,1% do VGV de R$ 2,67 bilhões referente às 18.120 unidades lançadas em todo o País.

“Nos últimos dois anos, houve um interesse muito grande de outras companhias nesse segmento, e, como partiram do zero, elas cresceram mais. Agora, estamos prontos para resgatar esse lugar”, afirma Renan Sanches, diretor Financeiro e de Relações com Investidores.

Segundo ele, o caminho para essa conquista é ter os preços mais acessíveis do mercado. E, para isso, diz ser relevante mexer nos custos produtivos. “Nos últimos 8 anos, conseguimos reduzi-los em até 30%, com a otimização da mão de obra. Agora, estamos entrando no segundo momento da industrialização da companhia, que é olhar para materiais que tragam mais eficiência”, diz Sanches. Nessa esteira, a Tenda já começou a substituir o aço por fibra de vidro – que é ligado ao concreto – nos prédios baixos. “Reduzimos a necessidade dessa commodity em mais de 50%, o que gera mais valor no momento atual”, afirma. Até setembro, todos os prédios que se encaixam no perfil já devem operar com fibra de vidro. 

Nos mais altos, a empresa começou a usar drywall no lugar das paredes de concreto internas, que também exigem aço, e a projeção é finalizar 2022 com todos os prédios nessa configuração. “É uma economia importante. Esses dois projetos têm a capacidade de eliminar a inflação de um ano”, afirma. 

No interior

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Preparando o terreno para chegar a pequenas e médias cidades no interior do País, a Tenda adquiriu uma fábrica em Jaguariúna (SP), que está em fase final de instalação e deve entrar em operação no próximo trimestre. 

Com essa fábrica off-site, a capacidade de produção da empresa – que hoje é de 20 mil unidades por ano, podendo chegar a 30 mil, no máximo – poderá dobrar de tamanho. “Não queríamos ir para o interior sem ter um modelo industrial, porque é isso que traz diferencial competitivo e eficiência de custo”, assinala Sanches. 

Antes da aquisição, o executivo conta que a companhia visitou unidades off-site em países desenvolvidos e dedicou mais de dois anos de estudos ao tema. “É trazer habitação de primeiro mundo para a habitação popular no Brasil, um salto de qualidade para o cliente, além de termos mais eficiência de custos do que o mercado faz tradicionalmente”, diz. 

Alta

Para 2021, a Tenda estima um crescimento de 15% nas vendas e, se depender dos resultados até meados de junho, ele deve vir. “Estamos com bom volume de lançamentos e vendas. Fora isso, estamos conseguindo reconstituir as margens diante do impacto de custos que nós tivemos”, relata. 

A solução, conta, foi o reajuste dos preços. “Aumentamos nosso preço em torno de 2% em relação ao ano passado para balancear a nossa oferta, e não sabemos até onde vai. Podemos testar outros acréscimos enquanto não afetarem a nossa velocidade de venda.” 

Com os desafios da pandemia ainda em curso, a Tenda vem procurando outros caminhos para aproximar os vendedores dos clientes. “Reforçamos muito o áudio no WhatsApp, que virou um fator determinante, já que é a conexão mais próxima entre eles”, conta. Além disso, a companhia viu saltar de 20% para 71% o acesso de clientes na plataforma digital com a criação do aplicativo Tenda com você.

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A Tenda também buscou ferramentas digitais, como uma nova plataforma de vendas para se conectar com os vendedores terceiros (são mais de 300 imobiliárias), e os autônomos. 

Mesmo com o avanço da vacinação contra a covid-19 e as perspectivas mais animadoras para o controle da crise sanitária, Sanches avalia que a conversão dos clientes para o digital segue tendo importância. 

“Não sabíamos como as pessoas nesse segmento iriam se comportar, se iam continuar querendo aquela conexão física com o vendedor, mas elas tiveram confiança do contato online. Superamos essa barreira.”

Vendido

O maior destaque da Tenda em São Paulo foi o Viva Marajoara, no Jardim Marajoara, iniciado em abril de 2020 e 100% vendido (60% para famílias de até três salários mínimos). São três blocos que somam 456 unidades com 44,18 m² de área útil, 58 garagens descobertas de uso comum, e valor de R$ 202,5 mil. 

Reúne atrações como playground, saco de boxe, horta/pomar, salão de festas, fitness externo e bicicletários. “O condomínio está em uma região em que o preço do metro quadrado era acessível apenas para famílias de média e alta renda”, diz. 

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