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VW e trabalhadores fazem acordo que preserva salários

Jornada de trabalho será reduzida em 30%, mas, com dinheiro do seguro-desemprego e complementação da empresa, não haverá perdas

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Trabalhadores da Volkswagen do Brasil aceitaram  a proposta da empresa de redução da jornada e dos salários em 30%  em assembleias on line realizadas na segunda-feira e hoje, 21. A medida vale para os cerca de 17 mil funcionários das quatro fábricas e outras unidades do grupo no País e terá validade por três meses.

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Pelo acerto feito, os salários líquidos (descontados INSS e IR) serão mantidos. O desconto vai recair sobre o salário bruto e, aplicados os critérios da MP 936 será possível obter o complemento de renda, sendo parte paga pelo governo por meio do seguro desemprego e parte pela empresa, que vai bancar a diferença para que não haja impacto no valor que o funcionário recebe mensalmente. 

Segundo Wellington Damasceno, diretor de políticas industriais do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a empresa prevê o retorno parcial da produção no dia 18 de maio, se as condições relativas à pandemia do coronavírus estiverem controladas. Nessa data devem retornar à fábrica do ABC paulista parte dos funcionários da produção para trabalho em um turno.

Fábrica da VW no ABC paulista esperaretomar atividades parciais no dia 18 de maio Foto: Werther Santana/Estadão

No caso da fábrica de São Bernardo do Campo, um grupo de cerca de mil operários entrará em lay-off (suspensão temporária dos contratos) e outra equipe, com 1,2 mil pessoas que está em casa desde o início de janeiro nessa condição voltará ao trabalho em junho, segundo Damasceno.

Sustentabilidade do negócio

"Os efeitos provocados pela pandemia do novo coronavírus levaram a VW a aplicar novas medidas de flexibilidade previstas em acordo coletivo de trabalho, negociadas em parceria com os sindicatos de todas as nossas operações no País", afirmou o presidente da Volkswagen para a América Latina, Pablo Di Si, em nota divulgada no início da noite desta terça-feira. "Temos o compromisso de proteger o emprego e evitar demissões, além de garantir a sustentabilidade do nosso negócio", acrescentou.

“Não tenho relato de nenhum outro acordo, até agora, em que o trabalhador vai receber 100% do salário líquido”, disse Damasceno. “Até por isso, no ABC houve aprovação de 99% entre os 5.411 trabalhadores que votaram.” 

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No retorno à fábrica do ABC, o foco deve ser a produção do Nivus, utilitário-esportivo (SUV) totalmente desenvolvido no Brasil que será lançado no fim deste semestre. A montadora está preparando a fábrica para evitar o contágio do coronavírus e vai fornecer máscaras e luvas, além de medir a temperatura de todos diariamente.

Haverá mais ônibus de transporte dos funcionários para que não fiquem muito próximos no trajeto até a fábrica e o maquinário de trabalho será disposto de forma que todos mantenham distância prevista pelos órgãos de saúde. As mesmas medidas serão adotadas nas fábricas de Taubaté e São Carlos, em São Paulo, e na de São José dos Pinhais (PR). 

Retomada parcial na Pirelli

Até agora, entre as montadoras que já fecharam acordos de redução de jornada e salários e de suspensão temporária de contratos em diferentes condições  estão General Motors, FCA Fiat Chrysler, Toyota, Nissan, PSA Peugeot Citroën e Caoa/Chery.

Na segunda-feira, parte dos trabalhadores da fabricante de pneus Pirelli, que estavam em férias coletivas desde 23 de março,retomou atividades parciais nas unidades fabris de Campinas (SP) e Gravataí (RS). A unidade de Fira de Santana (BA) segue parada.

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