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Trabalhadores protestam contra reestruturação da Airbus

Funcionários da companhia na França, Alemanha, Reino Unido e Espanha fizeram paralisações contra o plano Power 8, que prevê o corte de 10 mil empregos

Por Agencia Estado
Atualização:

Os trabalhadores da Companhia Européia de Aeronáutica, Defesa e Espaço (EADS, sigla em inglês) na França, na Alemanha, no Reino Unido e na Espanha realizaram nesta sexta-feira, 16, mobilizações diante das fábricas da empresa e paralisações de uma hora, em protesto contra a aplicação do plano de reestruturação Power 8 pela Airbus, controlada pela EADS. O plano, que prevê a reestruturação da divisão de aviões comerciais da EADS, prevê o corte de 10 mil postos de trabalho (4.300 na França, 3.700 na Alemanha, 1.600 no Reino Unido e 400 na Espanha) até 2010. O sindicato alemão IG Metall afirmou nesta sexta que cerca de 20 mil pessoas participaram da mobilização central na Alemanha, realizada em Hamburgo, no norte do país. De acordo com a Polícia, o número de participantes foi de 10 mil. Trabalhadores das outras cinco fábricas da Airbus no norte da Alemanha se uniram à mobilização principal, em Hamburgo, onde se encontra a sede da companhia no país. Além disso, cerca de 2 mil pessoas formaram uma corrente humana ao redor da fábrica de Laupheim, no sul do país, para protestar contra a venda da fábrica, na qual trabalham cerca de 1.200 empregados. O secretário-geral do IG Metall, Jürgen Peters, disse aos manifestantes em Hamburgo que o sindicato não aceita o plano da companhia, e que quer melhorar as medidas previstas com um conceito comum proposto pelos trabalhadores. O chefe do comitê de empresa (corpo representativo dos trabalhadores) da Airbus, Rüdiger Lütjen, disse que a venda de fábricas não resolverá os problemas de fabricação do avião gigante de passageiros A380. Os chefes dos Estados federados da Baixa Saxônia, Christian Wulff, e de Baden-Württemberg, Günther Oettinger, que participaram da mobilização em Hamburgo, também reivindicaram melhorias no plano. Na França, milhares de profissionais assalariados e terceirizados da Airbus fizeram manifestações diante das instalações da empresa em várias cidades e diante do escritório da matriz, EADS, em Paris para protestar contra o plano de reestruturação. As concentrações de duas horas foram seguidas em Toulouse por cerca de 7 mil pessoas, segundo os sindicatos. Em Saint-Nazaire, onde fica uma das unidades ameaçadas de cessão ou fechamento, e na vizinha Nantes, no oeste do país, houve pelo menos 1.400 manifestantes. Em Méaulte, no norte da França, onde a unidade local tem o futuro ameaçado, havia cerca de 300 manifestantes. Cerca de 2.500 trabalhadores das duas fábricas da Airbus no Reino Unido realizaram manifestações separadas para expressar sua rejeição ao plano de ajuste da companhia, que estabelece o corte de 1.600 empregos no país, informaram à Efe fontes do sindicato T&G. Os trabalhadores da filial britânica da Airbus não puderam aderir à greve devido à falta de tempo para organizá-la, já que a legislação britânica exige um aviso prévio de oito semanas. Mais de 2 mil dos 6.500 trabalhadores da unidade de Broughton, no norte do País de Gales, se concentraram em Chester - perto da fábrica -, após solicitar um dia de permissão para o protesto, já que foi "impossível" organizar uma greve, segundo um representante sindical e fontes da Airbus. Na Espanha, a maioria dos trabalhadores da EADS-CASA aderiu à greve de uma hora convocada pelos sindicatos CCOO e UGT nos nove centros da empresa aeronáutica no país. A EADS-CASA conta com 9.100 empregados em suas nove fábricas, dos quais 3.100 pertencem à Airbus. "A greve de uma hora (das 11h às 12h, hora local) contou com participação maciça dos companheiros, que estão muito preocupados com a situação da empresa", por isso "minha avaliação é muito positiva", disse à Efe Alejandro Pérez, membro do comitê de empresa europeu da EADS e filiado à UGT. Cerca de 2 mil trabalhadores se concentraram às portas da unidade de Getafe, onde fizeram uma assembléia e exibiram cartazes dizendo: "Em defesa do emprego e das tecnologias na EADS e na Airbus" e "Não aos cortes e ao fechamento de centros". Com as medidas do Power 8, detalhadas pela Airbus no final de fevereiro, a companhia quer reagir às perdas causadas pelos atrasos nas entregas do A380. A Airbus teve perdas operacionais de 572 milhões euros (US$ 761 milhões) em 2006, frente ao lucro antes de juros e impostos de 2,307 bilhões euros (US$ 3,068 bilhões) de 2005.

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