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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Trabalho em casa e redução dos custos fixos

O reconhecimento dos excelentes resultados do home office é quase unanimidade entre administradores de empresas

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Atualização:

Depois de quase quatro meses de experiência forçada pela pandemia, o reconhecimento dos excelentes resultados do trabalho em casa (home office) é quase unanimidade entre os administradores de empresas.

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Além de ajudar na preservação da saúde dos funcionários, é importante fator de redução de custos fixos. É muito significativa a queda de despesas com aluguéis, conta de luz (incluídas aí as com ar-condicionado), água, faxina, segurança, transporte, alimentação e, em boa medida, com portaria e suporte a serviços de informática.

Não há avaliações sistematizadas sobre o tamanho da economia obtida. Depende do setor em que opera a empresa, da localização e de muita coisa mais. Só não gostaram dessa nova tendência, que em certa medida será incrementada depois da volta à normalidade, os administradores de negócios ligados ao setor de imóveis de escritório e aos serviços de manutenção dessas áreas de trabalho.

Estudo baseado na metodologia da Universidade de Chicago, divulgado no início de junho pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), sugere que cerca de 25% das ocupações que não dependem do uso de máquinas ou de veículos podem ser realizadas remotamente. Os Estados que no Brasil mais se beneficiariam com a extensão de práticas de home office são Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro.

Mais cauteloso, o consultor da PwC Federico Servideo adverte que, se for para adotar definitivamente a modalidade, será preciso replanejar o espaço para manter o distanciamento social nos escritórios que continuarem a ser utilizados. Outros cuidados também ficarão inevitáveis, como melhorias na segurança da rede de informática, para que os arquivos da empresa não fiquem vulneráveis a hackers e a pessoas comuns que de alguma forma estarão convivendo na casa dos funcionários. 

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O trabalho em casa promove a redução de diversos custos fixos para as empresas, mas implica em novos gastos para manter a produtividade do funcionário Foto: Kevin Light/REUTERS - 13/11/2019

Servideo também adverte que pode ser um erro focar demais na redução dos custos fixos. “Em alguns setores mais do que em outros, gestores devem perseguir mais o aumento de produtividade do que a simples redução de despesas”, diz. E por isso é preciso levar em conta as condições do funcionário: se está infeliz e não consegue bom rendimento em casa, é preciso rever certas operações.

Algumas variáveis também saem da equação, observa o consultor tributário da Deloitte Fernando Ázar. Como a atual legislação não prevê nem controle de ponto nem contabilização da jornada no trabalho a distância, horas extras acabam por não serem pagas. Também é preciso rever o tratamento a ser dado a eventuais acidentes do trabalho, já que a atividade não é realizada no local do empregador. “Mesmo a modernização da legislação trabalhista ocorrida em 2017 não acompanhou a velocidade das transformações que vêm ocorrendo”, observa Ázar. “Será preciso nova reforma trabalhista para acomodar essas situações”, diz.

Fernando Teixeira, especialista da Accenture, acrescenta que o trabalho a distância não deve se limitar a apenas reduzir despesas. Para garantir a qualidade do trabalho, certos investimentos são inevitáveis, como propiciar boa conexão de internet, cadeira ergonômica e atenção à saúde ocupacional num ambiente não convencional como o de casa. / COM GUILHERME GUERRA

CONFIRA

» A febre do ouro

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Em 2020, os preços do ouro em dólares tiveram uma alta de quase 19%. Como o ouro é o metal do medo, poderia parecer que essa valorização teve a ver apenas com a busca por segurança – e não faltaram riscos neste ano. Não foi só isso. O ouro não paga juros, o investidor fica apenas com a variação dos preços. Como os juros estão tão perto de zero, a maior vantagem dos títulos de renda fixa sobre o ouro desapareceu. Ou seja, o tombo dos juros também empurrou investidores para aplicações em ouro.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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