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Trabalho em casa por causa da pandemia exige adaptação em projetos

Ambientes mais amplos e até espaço específico para receber compras online passam a ser previstos em obras

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Por Redação
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De repente, a necessidade de isolamento social fez as pessoas perceberem como o ar livre, ou um local em que bata sol, é importante dentro de casa. Ou como um lugar quieto em um cantinho é determinante para o home office ser produtivo. “Uma das tendências que vieram para ficar são os ambientes mais amplos, espaços arejados com iluminação e varandas que possam ser flexíveis”, afirma Bianca Setin, diretora de Operações da Setin Incorporadora.

Segundo a executiva, durante a pandemia, até edifícios que ainda estavam em construção foram adaptados para essa nova realidade.

Espaços compartilhados para o trabalho remoto: modelo híbrido vem para ficar e mercado corre para se adaptar ao novo cenário. Foto: Werther Santana/Estadão - 26/10/2020

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Outra questão diz respeito às áreas comuns, que também passam por mudanças. Com a explosão das compras online, passou a ser fundamental, segundo Bianca, que os prédios tenham espaço para receber as compras dos moradores. Uma das ferramentas em uso nestes locais são os lockers inteligentes. Os equipamentos funcionam em sintonia com o sistema do correio. Quando o produto comprado pela internet chega, o cliente é avisado por meio do celular.

A partir de uma análise de dados gerados pelos usuários dos 135 mil imóveis geridos pela Housi, Alexandre Frankel, CEO da empresa, enumera várias macrotendências que ele considera fundamentais para a análise do mercado imobiliário hoje. O tempo médio das pessoas em casa passou de 12 horas para 20 horas. Entre os millennials, 80% têm preferência pelo uso do imóvel em vez da propriedade. A moradia, além de os contratos flexíveis, também é um local de consumo e, portanto, os prédios precisam estar preparados para isso, como também afirmou Bianca Setin.

“O êxodo urbano é uma verdade”, diz Frankel. Os dados da Housi mostram que as pessoas que podem estão realmente migrando para cidades menores, onde a qualidade de vida é maior e o custo menor. “E, definitivamente, não podem existir mais imóveis que estejam desconectados das tecnologias e dos serviços.”

Contracorrente

Mas há tendências testadas durante a pandemia que talvez não se solidifiquem tanto assim, mostra a experiência da Loft. “Nós desenvolvemos um sistema em que a compra de um imóvel pode ser feita de forma 100% online. Fomos os primeiros a fazer isso”, afirma Marcio Reis, vice-presidente de produtos da Loft. Mas a experiência na prática, segundo o executivo, mostrou que praticamente ninguém abre mão da figura do corretor ou de fazer uma visita presencial ao local antes de fechar o negócio.

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“As questões burocráticas, como assinaturas de contrato e obtenção de financiamento, aí sim, todos preferem fazer 100% digital.”

Trabalho flexível

A discussão pode ser um pouco sobre o grau da mudança, mas que ela é inevitável isto poucos discordam. “A cadeia de comando e controle sofreu uma disrupção. Houve uma mudança na relação chefe e subordinado. O modelo híbrido veio para ficar”, afirma Claudia Woods, CEO da WeWork na América Latina.

Segundo ela, este é um modelo ainda em amadurecimento, mas ele deve se estabilizar com o funcionário podendo dividir sua semana entre dois ou três dias em casa e os demais no escritório. “A flexibilização é um benefício que vai passar a ser dado pelo RH das empresas”, segundo a executiva.

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De acordo com Claudia, hoje, 50% do portfólio da empresa já é formado por grandes empresas, buscando formas de otimizar e rentabilizar o uso do espaço. Com a tendência de ocorrer um enxugamento dos espaços das empresas, ceder vários metros quadrados para os coworkings é apenas parte da solução, segundo Roberto Patiño, diretor da JLL.

De acordo com ele, se a tendência é um terço, por exemplo, de um espaço de 10 mil m2 virar local de trabalho compartilhado, outro um terço também deve ser ressignificado e alugado para outros fins, principalmente em lugares chamados de “primers”. São regiões, por exemplo, segundo Patiño, dentro de anéis da cidade onde a questão dos serviços oferecidos para as pessoas será fundamental.

Pesquisa

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Pesquisas feitas entre funcionários que hoje estão trabalhando em casa mostram que eles se adaptaram às atividades em casa e indicam o modelo híbrido como o mais adequado para a nova realidade do mercado de trabalho.

Um dos levantamentos mais recentes foi feito pelo Talenses Group com a Fundação Dom Cabral (FDC), segundo o qual 72,7% dos entrevistados acreditam que o regime misto é o que mais se adapta às funções que realizam. Esse desejo dos profissionais contrasta com os planos das empresas. Pesquisa da KPMG feita entre julho e agosto mostra que 52% das companhias desejam que a operação presencial retorne ainda neste ano. Outras 15% já descartaram completamente o home office e querem voltar ao modelo pré-pandemia.  

Sondagens

  • 72,7% dos entrevistados em uma pesquisa da Talenses Group com a Fundação Dom Cabral (FDC) acreditam que o regime misto é o que mais se adapta às funções que realizam
  • 23% preferem o home office integral e 4,41% querem votam no regime totalmente presencial. A pesquisa foi realizada em setembro deste ano com 686 trabalhadores
  • 86,3% dos entrevistados relatam que a produtividade é alta ou muito alta no home office, sem contar que a vida pessoal ganha novos sentidos
  • 52% das companhias desejam que a operação presencial retorne ainda neste ano, conforme pesquisa da KPMG feita entre julho e agosto
  • 15% já descartaram completamente o home office e querem voltar ao modelo pré-pandemia, com trabalho todo presencial

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