PUBLICIDADE

Publicidade

Tradings ainda seguram oferta de crédito

Governo tenta, por meio do BB, compensar a queda em outras fontes de financiamentos

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Apesar de o governo ter ampliado em cerca de 30% a oferta de crédito nesta safra por meio do Banco do Brasil, de R$ 30,5 bilhões para R$ 39,5 bilhões, os agricultores ainda se queixam da dificuldade de ter acesso aos recursos. "A inadimplência é alta, o que inviabiliza a tomada de financiamentos bancários, que são limitados por CPF (Cadastro de Pessoa Física)", afirma o diretor da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja-MT), Ricardo Tomczyk. Hoje os agricultores brasileiros devem, entre produtores de grãos e culturas permanentes, cerca de R$ 120 bilhões. Essa cifra equivale à receita obtida com a uma safra de grãos e de lavouras perenes, como café, cana e laranja, por exemplo. Tomczyk conta que, além das dificuldades para obter financiamentos nos bancos por causa de antigas pendências, as empresas tradings que costumavam financiar a safra para os produtores de soja ainda não retomaram os mesmos volumes de oferta de crédito que eram normalmente disponibilizados antes da crise. Geralmente, diz o diretor da Aprosoja-MT, essas empresas costumavam financiar 70% da área plantada com o grão na região. Com a crise de crédito, essa fatia caiu 45%. Hoje está em cerca de 50%. "Há também empresas que nem voltaram a fazer esse tipo de operação", acrescenta. As tradings detêm participação importante no crédito rural. Em épocas sem turbulências, o crédito fornecido por esse tipo de companhia responde por um terço da produção. Os dois terços restantes estão divididos entre os recursos do governo e o capital dos próprios agricultores. Na safra 2009/2010, a fatia das tradings e a dos produtores dão sinais de enfraquecimento. O diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, José Carlos Vaz, diz que o governo está tentando preencher a falta de crédito proveniente das tradings e a escassez de recursos dos próprios agricultores para financiar a próxima safra de grãos. "Foi uma decisão política", diz. Nas suas contas, essa decisão política deu resultados. No mês passado, o Banco do Brasil, desembolsou R$ 2,281 bilhões em financiamentos para o setor agrícola, mais que o triplo do que foi gasto em julho de 2008. "Foi o melhor mês de julho de todas as safras", afirma Vaz. Ele diz que esse ritmo de crescimento será mantido neste mês. O diretor do BB atribui parte desse excelente desempenho de julho ao fato de o banco ter iniciado o ano safra 2009/2010 com a "máquina do crédito rodando", o que não ocorria em safras anteriores. M.C.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.