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Tráfego aéreo tem maior queda desde 2003

Recuo em outubro é também o primeiro desde agosto de 2007

Por Alberto Komatsu
Atualização:

O transporte aéreo de passageiros no mercado doméstico registrou queda de 3,9% em outubro em relação ao mesmo mês do ano passado, apesar de um aumento de 8,3% na oferta de assentos. É o pior desempenho desde janeiro de 2003, quando o fluxo de passageiros transportados recuou 7,5%. Foi também a primeira redução de demanda desde agosto do ano passado, quando o índice teve retração de 3,7%. Além disso, nos vôos ao exterior, o crescimento de 14,8% no mês passado é o resultado mais fraco do ano, iniciado com uma expansão de 55,1% em janeiro. Para especialistas, são provas de que a crise chegou ao setor aéreo. "Há 43 anos eu verifico esse fenômeno na aviação: o transporte aéreo começa a notar a retração antes da economia. O passageiro suspende a viagem porque o volume de negócios vai cair", afirma o consultor aeronáutico Paulo Bittencourt Sampaio. De janeiro a outubro, o volume de passageiros transportados no País acumula crescimento de 8,6% e de 13,1% de expansão na oferta de assentos. No mesmo período, o mercado internacional registra expansão de 34,1%, com alta de 20,6% de lugares nos aviões. A TAM segue na liderança dos vôos nacionais, posto alcançado em agosto de 2006, com participação de 51,77% e crescimento de 7,3% no fluxo de passageiros transportados em outubro. A Gol, na segunda posição desde maio de 2005, teve 35,23% do mercado, mas teve queda de 20% na demanda. A Varig, controlada pela Gol desde março do ano passado, ficou com uma fatia de 5,07% e alta de 78,2% no volume de passageiros. A WebJet aparece na quarta colocação, com 3,27% dos vôos domésticos. Juntas, TAM, Gol e Varig responderam por 92,07% do setor. "A crise bateu mais forte na Gol, que aumentou as tarifas para ter uma rentabilidade igual à da TAM. Só que o serviço de bordo da TAM é muito melhor, o que contribuiu para absorver os passageiros da Gol", afirmou Sampaio. A TAM liderou também os vôos internacionais entre as companhias brasileiras, com 83,84% de participação em outubro. Em segundo lugar está a Varig, com 9,09%, seguida pela Gol, com 6,7% de participação. Sampaio fez também uma análise dos dados divulgados ontem pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) só com as empresas aéreas regionais. De acordo com o consultor, o crescimento da demanda nos vôos desse nicho de mercado foi de 7,7% em outubro, com destaque para as operações da Trip, que recebeu recentemente aporte financeiro da americana SkyWest, e da Passaredo. "Não há crise na aviação regional, mas empresas regionais que estão mal estruturadas", disse. NOVO CENÁRIO Ontem, a Gol informou que prevê o mercado doméstico se expandindo 6% em 2009 em relação a este ano, num ritmo menor do que o crescimento de 8,5% previsto para 2008. A empresa informou ainda que prevê um preço médio do petróleo WTI em 2008 de US$ 105 por barril, e preço de R$ 2,05, em média, para o litro do combustível. Anteriormente, a Gol projetava um valor de R$ 2,30 por litro de combustível este ano. Em 2009, os valores devem cair para uma média de US$ 85 no caso do petróleo e para R$ 1,90 por litro de combustível. A companhia anunciou ainda que prevê investir R$ 1,15 bilhão em 2009, contra os R$ 950 milhões deste ano. A previsão da empresa é terminar 2008 com uma frota de 104 aviões, chegando a 108 aeronaves no encerramento de 2009.

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