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Tramitação da reforma da Previdência gera cautela e Bolsa recua 0,7%

Mesmo com cenário exterior positivo, o Ibovespa caiu para os 97,2 mil pontos; o dólar à vista fechou em leve alta de 0,08%

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Antonio Perez e Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

As incertezas envolvendo a tramitação da reforma da Previdência se sobrepuseram ao otimismo dos investidores no exterior nesta segunda-feira, 25. Tudo porque o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu declarações que sinalizam um primeiro atraso no andamento da proposta de mudança das aposentadorias na Casa.

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Na Bolsa, as palavras de Maia se somaram à queda do petróleo, que já pesava nos negócios domésticos desde o fim da manhã, para aprofundar a aversão ao risco. A piora da commodity ocorreu depois que o presidente americano, Donald Trump, reclamou que os preços estavam elevados. Assim, conduzido pelo recuo dos papéis da Petrobrás, o Ibovespa cedeu 0,66%, aos 97.239,90 pontos.

O dólar ante o real, que refletia o movimento de seus pares até perto do fim do pregão, acabou contaminado pela cautela em relação à Previdência. A moeda norte-americana, que cedeu ante a maioria das demais divisas, terminou com valorização de 0,08%, a R$ 3,7437, no mercado à vista.

O Ibovespa fechou aos 97,2 mil pontos nesta segunda-feira. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO

O deputado federal disse que a instalação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), prevista inicialmente para terça-feira e por onde a reforma começa a tramitar só deve ocorrer depois do carnaval e que a organização da base do governo ainda está "lenta". Também voltou a dizer que, sem a proposta de alteração da Previdência dos militares, a votação da PEC já apresentada pode demorar mais.

No exterior, apesar de os ativos terem perdido um pouco do ímpeto ao longo da tarde, o otimismo com os sinais de avanço no diálogo entre Estados Unidos e China no comércio prevaleceu e os principais índices de ações terminaram com ganhos em Nova York.

Em meio ao tombo do petróleo no mercado internacional e à cautela em relação ao andamento da reforma da previdência no Congresso, o Ibovespa operou durante toda tarde na contramão das bolsas em Nova York e encerrou o pregão desta segunda-feira em queda, perto do piso dos 97 mil pontos.

O índice até ensaiou uma alta no início dos negócios, voltando a superar os 98 mil pontos, na esteira do otimismo dos mercados externos com um desenlace positivo nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos. Investidores celebraram o fato de o presidente Donald Trump ter estendido à trégua tarifária para produtos chineses para além de 1º de março e relatado "progressos substanciais" nas negociações. 

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A maré virou no mercado doméstico com o tombo das ações da Petrobrás, na esteira do mergulho das cotações do petróleo, após o mesmo Trump reclamar que os preços da commodity "estavam muito altos" e pedir a Opep, organização que reúne os países produtores de petróleo, "ir com calma".

Ao longo da tarde, o Ibovespa foi às mínimas e chegou a flertar com a perda da linha dos 97 mil pontos, com a diminuição do ritmo de alta das bolsas americanas e declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que despertaram temores sobre o ritmo de tramitação da reforma da previdência no Congresso.

Maia (DEM-RJ) indiciou que a instalação da Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ), responsável pela primeira análise da proposta, pode ficar apenas para depois do carnaval. Havia perspectiva de que a CCJ pudesse iniciar seus trabalhos esta semana. Maia disse também que há apreensão em torno do projeto de lei de aposentadoria dos militares, embora tenha negado que vá aguardar o envio do PL para que a CCJ seja instalada. Antes dessas declarações, o presidente da Câmara já havia demonstrado preocupações com a comunicação da proposta da previdência à população e questionado a estratégia do governo de fazer articulação política por meio de bancadas temáticas.

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Segundo gerente da mesa de renda variável da H. Commcor, Ariovaldo Ferreira,o ruídoprovocado pela questão da instalação da CCJ contribuiu para deixar os investidores na defensiva. "A expectativa era de alta da bolsa, mas houve essa queda mais forte do petróleo e essa questão da CCJ, que assuntou um pouco", afirma Ferreira, ressaltando que o volume negociado, na casa dos R$ 11 bilhões, ficou abaixo do esperado, o que revela falta de apetite para apostas mais fortes. 

A ação PN da Petrobrás fechou em queda de 1,58%, enquanto os papéis ON recuaram 2,40%. O recuo mais acentuado das ações ordinárias seriam consequência de decreto do governo, publicado no diário oficial de sexta-feira, que dá bandeira verde para os bancos federais venderem papéis da companhia quando as condições de mercado forem mais vantajosas.

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