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Contas externas têm superávit recorde

Saldo de US$ 2,88 bi nas transações correntes é o terceiro resultado positivo seguido e o melhor para o mês desde o início da série, em 1995

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Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - Apesar da crise política deflagrada em meados de maio, o Brasil encerrou o mês passado com novo resultado positivo em suas transações com o restante do mundo. A conta corrente brasileira registrou superávit de US$ 2,88 bilhões em maio, informou nesta terça-feira, 27, o Banco Central. Foi o terceiro resultado mensal positivo consecutivo.

O número – que expressa entradas e saídas de dólares em função do comércio de bens e serviços, além de pagamentos e transferências – também foi o melhor para um mês de maio desde o início da série histórica, em 1995. O bom desempenho do País nas transações correntes foi puxado pela balança comercial, que teve superávit de US$ 7,42 bilhões. Foram US$ 19,74 bilhões em exportações e US$ 12,32 bilhões de importações em maio.

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“A safra agrícola impulsionou os volumes de exportação, ainda que os preços não estejam em patamar tão favorável”, pontuou o economista Bruno Lavieri, da 4E Consultoria. Com as fortes vendas de produtos agrícolas no exterior, os dólares que entraram no País mais do que compensaram os recursos que saíram. “Imaginávamos também uma recuperação econômica um pouco mais forte no Brasil. Como isso não vem se concretizando, as importações estão mais fracas que o esperado.”

No acumulado de 2017, o saldo das transações correntes ainda é deficitário em US$ 616 milhões, em função principalmente do déficit de US$ 5,08 bilhões verificado em janeiro. A situação, no entanto, é melhor que a vista nos primeiros cinco meses de 2016, quando o déficit era de US$ 6 bilhões.

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Os dados do BC mostraram ainda que o Investimento Direto no País (IDP) somaram US$ 2,93 bilhões em maio. Esse número, que reflete aportes de estrangeiros feitos na compra de companhias ou em novos projetos, já soma US$ 32,46 bilhões este ano.

Apesar de positivo, o número de maio foi inferior ao IDP de outros meses, como abril (US$ 5,58 bilhões) e março (US$ 7,12 bilhões). De acordo com o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, a queda do IDP em maio foi resultado da ausência de grandes operações no mês – e não de uma reação direta à crise política, desencadeada em 17 de maio com as delações de executivos do frigorífico JBS.

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“Não há elementos para concluir que o investidor está aguardando a crise passar. Decisões sobre o IDP são de longo prazo, miram anos à frente”, ponderou Rocha. Por enquanto, o BC mantém sua estimativa de investimento direto de US$ 75 bilhões no Brasil este ano. Para o mês de junho, a projeção é de US$ 2,5 bilhões.

“O IDP mira o médio e o longo prazos, o curto prazo é mais volátil”, afirmou o economista-chefe da consultoria Parallaxis, Rafael Leão. “Temos de acompanhar com atenção os próximos meses, mas há risco de influência importante das incertezas políticas sobre o fluxo de entrada de recursos no País”, alertou. / COLABOROU THAÍS BARCELLOS

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